Isabel Moreira, deputada pelo Partido Socialista (PS), revelou, esta terça-feira, numa entrevista ao Observador, alegados episódios de racismo e misoginia que tiveram como protagonista o partido Chega, de André Ventura.
Nestas declarações, a socialista reportou insultos relacionados com a orientação sexual, deputadas chamadas de "vaca" e sons a imitar 'mugidos' em que os alvos são, na maioria das vezes, mulheres. "Quando estamos a passar nos corredores da Assembleia da República ou nos corredores do hemiciclo para falar, eu já ouvi coisas como vaca, mugidos ou nomes que normalmente chamam a deputadas que são assumidamente lésbicas", avançou ao mesmo meio.
Isabel Moreira salientou ainda situações em que, ao meio-dia, foi dirigido um 'boa noite' a uma deputada negra: "Que é uma coisa normal de se dizer ao meio dia a uma pessoa negra", ironizou.
Uma ofensa e injúria permanente
Os alegados casos ocorrerão sempre "com o microfone fechado, para não serem ouvidos e para serem só ouvidos pela pessoas que estão a injuriar", destacou a socialista, considerando existir um "quotidiano infernal, ingerível" no Parlamento, devido a "uma ofensa e injúria permanente".
André Ventura foi, hoje, questionado sobre a acusação da deputada do PS de insultos misóginos e racistas por parte de deputados do Chega. O líder do Chega alegou que o seu grupo parlamentar é o "mais atacado" e disse que já por "várias vezes" cumprimentou Isabel Moreira e não teve resposta.
"Não sei de que racismo é que ela [a deputada Isabel Moreira] está a falar, nós somos a única bancada que tem negros no Parlamento", fez também questão de frisar. Ventura desafiou ainda a socialista a apresentar provas destes comportamentos.
E acrescentou: "O ambiente no Parlamento é a expressão daquilo que os portugueses quiseram, é a fúria que os portugueses têm contra o sistema", alegou, alertando: "habituem-se, porque esta intensidade vai continuar a existir".
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