"Para termos um país verdadeiramente democrático, esse tipo de atitudes e de comportamentos têm que ser rechaçados com todo o vigor, não se pode admitir que uma coisa dessas exista", defendeu João Oliveira, em declarações à agência Lusa.
O candidato comunista às europeias, que foi deputado na Assembleia da República (AR) pelo PCP até 2022, tendo, inclusive, sido líder daquele grupo parlamentar (de 2013 a 2022), disse esperar que, "do ponto de vista das situações que foram identificadas, haja alguma atuação em conformidade, em função da gravidade" desses mesmos comportamentos.
"E espero também que, do ponto de vista do funcionamento da AR, se encontrem soluções para que isso, objetivamente, não possa acontecer", frisou.
Após participar numa sessão pública com reformados, pensionistas e idosos em Montemor-o-Novo, João Oliveira foi questionado pela Lusa sobre como encara a denúncia da deputada do PS Isabel Moreira quanto a insultos misóginos e racistas por parte de deputados do Chega no parlamento.
Nos anos em que foi deputado, João Oliveira disse "nunca" ter assistido "presencialmente a nada disso", mas acrescentou ter conhecimento de "relatos de que situações dessas iam acontecendo, aqui e ali, em circunstâncias diferentes".
"Acho que isso corresponde às conceções e ao programa político daquelas forças políticas reacionárias e retrógradas em que se insere a extrema-direita", disse.
Conceções "de menorização das mulheres, de menorização dos imigrantes, de memorização dos seus adversários e oponentes políticos", precisou, para exemplificar que estas "são conceções antidemocráticas que são protagonizadas por aquelas forças políticas".
Mas, frisou, "aqueles relatos que são feitos já acrescentam um outro grau de gravidade, porque isso já significa comportamentos individuais de condicionamento, constrangimento, de coação sobre outros a partir deste tipo de conceções".
"E julgo que isto é uma coisa absolutamente inadmissível" e "tem que ser objetivamente atacado com todas as forças para evitar que se instale a ideia de que comportamentos desses podem ter algum espaço no nosso país", argumentou.
Lembrando que, quando era deputado, "a expressão daquelas bancadas não era aquela que é hoje", numa alusão ao Chega, João Oliveira admitiu que "isso também possa ter hoje uma expressão mais grave do que acontecia no passado".
"Mas seja em maior ou menor dimensão, seja em maior ou menor volume são comportamentos que são inaceitáveis e devem ser completamente rejeitados e atacados", insistiu, reiterando que relatos como os que foram agora feitos "não permitem que as coisas possam passar com indiferença".
Trata-se de "uma coisa que é demasiado grave para ser para tratada com indiferença", sustentou.
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