O líder do PSD na Madeira vai ser indigitado ao fim da manhã desta quarta-feira, no Palácio de São Lourenço, a residência oficial do representante da República, no Funchal. Após o anúncio desta decisão por Ireneu Barreto, os partidos com representação na ilha não tardaram a reagir.
O PS considerou que a decisão do representante da República de indigitar o social-democrata para formar governo na região é "a pior" para os madeirenses e pode mergulhar o arquipélago numa "crise sem precedentes".
"Sabemos que esta é a pior decisão para os madeirenses e porto-santenses porque é aquela que não conseguiu garantir, não garante e dificilmente conseguirá garantir estabilidade ou futuro para a nossa região", disse a secretária-geral do Partido Socialista da Madeira, Marta Freitas.
A deputada eleita do PAN nas regionais de domingo na Madeira, Mónica Freitas, considerou a decisão do representante da República de indigitar Miguel Albuquerque para formar governo a "mais lógica" e mostrou-se disponível para viabilizar programa e orçamento.
"Havendo este acordo entre PSD e CDS e tendo sido o PSD o partido que, de facto, foi o mais votado, parece-nos a decisão mais lógica, atendendo que não houve apresentação de uma outra solução governativa que tivesse a mesma força", disse a porta-voz do PAN na Madeira.
O presidente do CDS-PP na Madeira, José Manuel Rodrigues, considerou "correta" a decisão do representante da República para a região autónoma, Ireneu Barreto, de indigitar o líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, como presidente do Governo Regional.
"É uma decisão correta em função dos resultados eleitorais, da correlação de forças no parlamento da Madeira e do acordo parlamentar a que chegaram o PSD e o CDS", afirmou José Manuel Rodrigues.
O Chega na Madeira repetiu que não apoia um executivo de Albuquerque, mas considerou que uma governação em minoria pode ser "mais proveitosa" para defender os interesses da região.
Nuno Morna, da Iniciativa Liberal, mostrou-se disponível para "caso a caso" discutir propostas que possam "fazer que a Madeira tenha um maior desenvolvimento do que aquilo que tem".
Madeira volta à 'casa de partida'
As eleições antecipadas na Madeira ocorreram oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
No entanto, o PSD, liderado por Miguel Albuquerque, voltou a reivindicar a vitória no domingo ao conseguir 19 deputados, mas sem maioria absoluta. Além disso, o eleitorado madeirense afastou do parlamento as representações do PCP e do BE.
Após os resultados, os partidos eleitos foram ouvidos pelo representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, com o objetivo de se encontrar uma solução governativa para a região.
No fim de todas as reuniões, Ireneu Barreto anunciou que iria indigitar o líder PSD/Madeira, explicando que a escolha se deve ao facto de considerar que "a solução apresentada pelo partido mais votado, o PSD, que tem um acordo de incidência parlamentar com o CDS, e a não hostilização, em princípio, do Chega, do PAN e da IL terá todas as condições de ver o seu programa aprovado na Assembleia Legislativa".
Sobre a solução conjunta de PS e JPP, o representante da República indicou que "não tem qualquer hipótese de ter sucesso na Assembleia Legislativa".
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