"Eu acho que há aqui uma tendência deste Governo para apresentar muitos planos para mostrar iniciativa política", afirmou Rui Rocha aos jornalistas quando questionado sobre o plano para as migrações que o Governo PSD vai apresentar na segunda-feira, num momento em que a procura de autorizações de residência disparou, causando problemas na gestão dos serviços.
Durante um lanche com a comunidade ucraniana no parque da Paz em Almada, no distrito de Setúbal, o dirigente liberal referiu que o executivo de Luís Montenegro vai apresentar um plano quando Portugal "não tem sequer uma instituição administrativa a funcionar", referindo-se à AIMA.
"Continuamos com centenas de milhares de processos por tratar", recordou.
Nas últimas semanas, têm-se acumulado filas junto aos serviços da AIMA e estima-se que existam 350 mil processos por regularizar.
Na opinião de Rui Rocha, no caso das migrações já não basta apresentar planos porque "o que é preciso é pôr a AIMA a funcionar".
"Pôr a AIMA a funcionar é que deveria ser o primeiro plano do Governo", entendeu.
Os planos são muitas vezes, no entender do presidente da IL, insuficientes, "tal como acontece com o da saúde".
O plano para as migrações será apresentado na segunda-feira à tarde, após um conselho de ministros sobre o tema, segundo fonte do Governo.
Em outubro do ano passado, o anterior governo criou a AIMA, extinguindo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e o Alto Comissariado para as Imigrações, uma decisão que foi criticada pelo PSD, então na oposição.
No sábado, o ministro da Presidência referiu-se, em entrevista publicada pelo Diário de Notícias, ao problema das migrações como uma das "heranças mais pesadas" que o executivo PSD recebeu desde que tomou posse em abril.
António Leitão Amaro apontou "opções erradas de leis e de regras de entrada e de regularização em Portugal, mas também pelo colapso das instituições, resultado das escolhas e do processo de extinção do SEF - na forma como foi implementado e no desinvestimento nas pessoas e nos equipamentos".
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