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Tânger foi figura secundária em campanha do Chega dominada pelo líder

O cabeça de lista do Chega, António Tânger Corrêa, foi uma figura secundária na campanha eleitoral do partido, ofuscado pelo líder André Ventura, que traçou como meta mais ambiciosa vencer as europeias.

Tânger foi figura secundária em campanha do Chega dominada pelo líder
Notícias ao Minuto

12:07 - 06/06/24 por Lusa

Política Eleições Europeias

André Ventura esteve presente ao lado do candidato todos os dias e em todas as iniciativas desde que arrancou o período oficial de campanha eleitoral para as europeias de domingo.

A campanha do Chega teve duas ações por dia, ao final da manhã e ao final da tarde, a grande maioria arruadas, perto de duas dezenas, e também três comícios, um dos quais de encerramento, na sexta-feira, em Viana do Castelo. Houve apenas uma visita, aos bombeiros de Mourão.

A volta nacional começou no Alentejo e Algarve. Na primeira semana, a caravana esteve pelo sul do país, tendo depois começado a subir para a região da grande Lisboa. Na segunda semana, a campanha rumou a norte, com uma aposta no litoral.

Nas arruadas o formato foi quase sempre o mesmo. O cabeça de lista e a comitiva de dirigentes e apoiantes chegam primeiro e aguardam por André Ventura. O líder do Chega presta depois declarações aos jornalistas, seguido do candidato, e nem sempre parecem estar no mesmo comprimento de onda. Tânger Corrêa chegou, por exemplo, a dizer que António Costa "não seria um mau candidato, objetivamente" a um cargo europeu, e André Ventura veio criticar o ex-primeiro-ministro, recusando apoiá-lo.

André Ventura assume a dianteira das arruadas e vai cumprimentando e tirando fotografias com quem passa, estando sempre no centro das atenções. Muitas vezes, o cabeça de lista fica mais para trás e também por vezes não acompanha Ventura quando este entra em lojas.

António Tânger Corrêa reconheceu não ser alguém tão reconhecido pelos portugueses e considerou benéfico o Chega tirar partido da notoriedade de Ventura.

A campanha do Chega nunca parou, mesmo quando o candidato esteve ausente, como aconteceu num comício em Olhão, quando Tânger Corrêa estava no debate da RTP entre os candidatos dos partidos com representação parlamentar ou numa arruada em Coimbra, ao mesmo tempo que participava num programa de entretenimento televisivo.

Quanto à meta eleitoral, o presidente do Chega já traçou várias. Disse querer ficar à frente do PS, subir em relação às eleições legislativas de março (18,07 %) e, a mais ambiciosa, ganhar as eleições europeias, enquanto o cabeça de lista disse ser "muito razoável" apontar para a eleição de cinco eurodeputados.

O candidato acusou os opositores de impreparação, contrapondo com a sua carreira de várias décadas como diplomata. André Ventura dirigiu as críticas maioritariamente ao PS, defendendo que se a cabeça de lista socialista, e antiga ministra da Saúde, Marta Temido, "tivesse um pingo de vergonha", não se apresentava a estas eleições.

Quanto ao grupo político que os eurodeputados do Chega vão integrar no Parlamento Europeu, tanto o candidato como o presidente remeteram essa questão para depois das eleições. Neste ponto, Tânger disse inclusivamente não ter de "esclarecer o eleitorado".

Os temas nacionais dominaram a campanha do Chega e pouco se falou na Europa. A imigração foi aquele que mais marcou a campanha, com o partido a pedir um controlo mais apertado, defendendo a introdução de quotas, que apenas os imigrantes há mais de cinco anos em Portugal possam ter acesso a apoios sociais ou o fecho das fronteiras até que a os processos pendentes de regularização estejam concluídos. Ventura começou até um cântico nesta campanha: "nem mais um".

A comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas ou o IRS foram outros dos temas abordados.

Tânger Corrêa prometeu prestar contas aos portugueses do trabalho feito no Parlamento Europeu e disse ter um projeto com "amigos americanos" para recentrar Portugal no Atlântico, que nem André Ventura conhece, e que só revelará quando o líder do partido quiser.

Leia Também: Tânger diz que Chega pode ter "excelente resultado" mesmo não vencendo

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