O ex-líder e atual eurodeputado da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, reiterou, esta quinta-feira, a sua oposição à candidatura do antigo primeiro-ministro, António Costa, para a presidência do Conselho Europeu (CE), ainda que tenha admitido que, caso seja eleito, poderá demonstrar “a coragem que aqui não demonstrou” em termos de reformas.
“Sempre considerei António Costa um homem inteligente e, portanto, sendo um homem inteligente saberá certamente a importância das reformas e saberá certamente a importância de conseguir arranjar maiorias dentro do CE para conseguir fazer essas reformas. Talvez o ambiente na Europa seja diferente. Como não vai a eleições diretamente, não terá medo de perder eleitorado, talvez demonstre lá a coragem que aqui não demonstrou”, disse, em entrevista à SIC Notícias.
O liberal sustentou que, no atual mandato, a presidência do CE tem de ser ocupada por alguém “essencialmente reformista”, já que, na sua ótica, “quem achar que vai para o CE apenas gerir consensos e tentar que ninguém se zangue, não vai estar a fazer um bom serviço à Europa”.
“Quem não foi capaz de reformar Portugal não vai ser capaz de reformar a Europa, e [Costa] não tem de facto esse gosto pelo risco na personalidade. Acontece que toda a política em Bruxelas é feita de consensos e de equilíbrios. Portanto, vamos ver quais são os equilíbrios que se estão a preparar”, equacionou.
Cotrim de Figueiredo reforçou ainda que o apoio do Governo à candidatura de Costa “é paroquial”, porque “parece que conta mais a nacionalidade das pessoas do que a sua competência”
“Dá a entender que são os nacionais que estão em determinados cargos que fazem favor ao seu país de origem. Se a nacionalidade for o único critério, então os países pequenos estão sempre prejudicados, porque nunca vão ter ninguém em nenhuma posição. Acho isso completamente errado e uma forma quase inversa de xenofobia”, atirou.
Saliente-se que o antigo chefe do Governo admitiu, no domingo, que seria "importante ter um português nas instituições internacionais", ao mesmo tempo que ressalvou que nunca aceitaria ser presidente do CE sem o apoio do Governo português.
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