O presidente do Chega, André Ventura, reagiu publicamente à nomeação do antigo primeiro-ministro português António Costa para presidir ao Conselho Europeu, considerando que é "uma má escolha para a Europa e para o mundo". "Politicamente, é um mau dia para a Europa”, acrescentou.
"O Chega não mudou, nem mudará, a sua posição. Não podemos compreender como é que, se António Costa era uma má escolha para Portugal, pode ser uma boa opção para a Europa, e sendo presidente do Conselho Europeu, para o mundo", disse Ventura, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
O presidente do Chega - que se opôs reiteradamente à nomeação de Costa para este cargo europeu - disse que o partido que lidera está "nas antípodas de pensamento de António Costa, naquilo que deve ser a luta contra a corrupção, na defesa de uma Europa com fronteiras e não completamente descontrolada de emigração, de uma política de segurança comum forte e não fraca".
"Não podíamos estar mais distantes daquilo que entende António Costa que devia ser o projeto europeu. É preciso recordar que o presidente do Conselho Europeu, para além de competências representativas dos Estados-membros, tem também competências em matéria de política de segurança", acrescentou, saudando "o facto de a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, já o ter dito também, de forma muito clara".
Ventura acusou Costa de ter sido “um desastre a nível militar em Portugal” e que a nível diplomático “aproximou-se dos piores exemplos do mundo”.
André Ventura considerou também “um contrassenso que partidos antissocialistas hoje possam estar a apoiar, como acontece com os liberais e com os sociais-democratas, António Costa para o Conselho Europeu” quando “andaram durante oito anos a dizer que era péssimo primeiro-ministro, um fracasso de governação”.
Ventura aproveitou, porém, para esclarecer que esta é uma nota "puramente política", pelo que "não melindra o facto de, como cidadão, como português e, sobretudo, a nível pessoal, desejar saudar António Costa por esta decisão", que "é uma vitória para ele".
Mais, o líder do Chega quis "desejar-lhe pessoalmente, e não politicamente, as maiores felicidades no desempenho que venha a ter do seu cargo". "Uma coisa não tem que ver com a outra, não é nada contra a pessoa, que saúdo e felicito pelo objetivo que tinha e foi alcançado", concluiu.
O socialista António Costa foi eleito, na quinta-feira, presidente do Conselho Europeu pelos chefes de Estado e de Governo da UE para um mandato de dois anos e meio a partir de 1 dezembro de 2024.
A decisão foi tomada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente do executivo comunitário, que depende de uma aprovação final do Parlamento Europeu, e nomearam Kaja Kallas para chefe da diplomacia europeia, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.
Após a demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português foi escolhido para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes Estado e de Governo do bloco comunitário, numa nomeação feita por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população europeia total).
António Costa é o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.
[Notícia atualizada às 13h11]
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