O presidente da Hungria, Viktor Orbán, apelou, na terça-feira, durante uma visita à Ucrânia que se acordasse um cessar-fogo e fossem iniciadas negociações com a Rússia. No entanto, segundo o antigo ministro da Defesa português Azeredo Lopes foi notório o desconforto do presidente ucraniano, com as palavras do homólogo húngaro, que sempre foi próximo do invasor da Ucrânia.
"É importante para Viktor Orbán e é importante para a dimensão institucional da União Europeia" esta visita, começou por dizer Azeredo Lopes durante um espaço de comentário na CNN.
No entanto, "não é preciso dizer muito para perceber que são dois personagens que se detestam. Basta a distância entre eles, o tom sepulcral em que se verificou a intervenção de Viktor Orbán, a circunstância de não aparecerem a falar em conjunto, para se perceber que Zelensky olha para Orbán e através dele, como se fosse um espelho, vê Vladimir Putin", continua.
"Isto é evidentemente o momento em que a Hungria marca pontos, porque diz em alta voz que quer um cessar-fogo, o início de negociações. Não sei que tipo de mandato estará a reivindicar para dizer estas coisas a Zelensky, creio que está como chefe de Estado da Hungria e temos de aceitar isso. Sabemos bem o custo que já teve em termos de agilização do apoio para a Ucrânia", elabora Azeredo Lopes. "Há uma coisa de que ele não pode ser acusado, que é de incoerência", rematou.
A Hungria assumiu na segunda-feira a presidência rotativa de seis meses do Conselho da União Europeia (UE), que iniciou negociações para a adesão da Ucrânia. Foi a primeira deslocação do presidente húngaro à Ucrânia desde que o país foi invadido pela Rússia em fevereiro de 2022.
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