"Este Governo não governa para os ricos, governa para a criação de riqueza, são duas coisas completamente diferentes. E se a criação de riqueza conseguir tirar aqueles que são pobres e os transformar em ricos, ou pelo menos remediados, nós já estamos a cumprir uma das essências da justiça social que cabe aos poderes públicos assegurar", afirmou Luís Montenegro.
O chefe do executivo respondia, durante a segunda ronda do debate parlamentar do Estado da Nação, a intervenções de deputados do Bloco de Esquerda (BE), que acusaram o executivo de viver numa "bolha de classe".
"Dois terços dos jovens ganham menos de mil euros e o Governo tem como bandeira baixar os impostos aos jovens que têm mais de mil euros. (...) Quem ganha 900 euros tem um desconto de 25, quem ganha cinco mil euros, tem um desconto de mil euros. Em que mundo é que isto é justo?", questionou o deputado do BE José Soeiro.
Também a deputada do BE Joana Mortágua referiu que os grandes grupos económicos "nunca lucraram tanto como em 2023", mas os salários não acompanharam esses lucros, perguntando a Montenegro de se vai continuar "a sustentar a fantasia e o logro de que enriquecer os ricos ajuda a pagar salários".
"Ou vai assumir a verdade: este Governo governa para os ricos, para as empresas que mais lucraram neste país, à custa precisamente dos baixos salários dos seus trabalhadores?", questionou.
Na resposta, o chefe do executivo pediu "tento àqueles que tiveram responsabilidades nos últimos oito anos, seja o principal partido da responsabilidade - o PS -, seja os seus companheiros de percurso do PCP, do BE, Livre e PAN".
Segundo Luís Montenegro, Portugal atingiu nos últimos oito anos "mais de dois milhões de pobres" e, "se não fossem as prestações sociais, eram mais de quatro milhões de pobres".
"Os senhores querem vir falar em governar para os ricos em vez de falarem em governar para acabar com os pobres? Tenham tento", afirmou, pedindo aos partidos de esquerda que julguem "pelo menos a bondade" das ideias do Governo.
"Até podem concluir que elas podem não atingir os resultados que nós queremos. Agora, dizer que nós governamos para os ricos... Ó senhores deputados, tenham vergonha, sinceramente. Tenham vergonha", reforçou, perante os aplausos da bancada parlamentar do PSD.
Montenegro salientou que o seu executivo governa "para ajudar os mais frágeis", para "ajudar aqueles que estão numa situação de maior vulnerabilidade" e "não é para os eternizar nessa condição para tirar partido eleitoral".
"Nós governamos para os tirar mesmo dessa condição e para que eles amanhã possam ter, do ponto de vista social, profissional e familiar, uma vida melhor do que a que lhes foi facultada ao longo dos últimos anos", salientou.
Leia Também: Montenegro anuncia grupo de trabalho transversal sobre violência doméstica