Blocos de parto encerrados? Governo optou por "assistir impavidamente"

O ex-deputado do PCP Bernardino Soares defendeu que a "maioria das grávidas vive a incerteza da resposta do SNS".

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© Global Imagens/Reinaldo Rodrigues

Notícias ao Minuto
06/08/2024 15:37 ‧ 06/08/2024 por Notícias ao Minuto

Política

Bernardino Soares

Bernardino Soares, membro do Comité Central do PCP, afirmou, esta terça-feira, que o Governo optou por "assistir impavidamente à degradação da condição de atendimento" às grávidas. Numa declaração aos jornalistas, Bernardino Soares defendeu que a "maioria das grávidas vive a incerteza da resposta do SNS", numa altura em que muitos blocos de parto estão encerrados, o que obriga muitas grávidas a percorrerem centenas de quilómetros para serem atendidas. 

 

Para o ex-deputado, o agravamento das condições de trabalho está na origem do problema, uma vez que empurram "as pessoas para fora do SNS". Bernardino Soares afirmou que esta desvalorização "só beneficia o setor  privado da saúde". 

O PCP acusou o PS, PSD e CDS de quererem "deixar cair a obstetrícia e ginecologia no SNS", defendendo que o atual Governo está a manter as políticas do anterior e instando-o a apresentar "medidas concretas" para resolver a situação.

"Já há um pacto de regime entre o PS, PSD e CDS que é deixar cair a obstetrícia e a ginecologia no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Foi isso que fizeram no Governo anterior, é isso que este Governo está a fazer", acusou Bernardino Soares, membro do Comité Central do PCP, numa conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.

"O Governo atual, tal como o anterior, não dá resposta a nenhuma das justas aspirações dos profissionais de saúde, boicota as negociações e apresenta propostas insultuosas. O que quer é que eles saiam do serviço público", afirmou Bernardino Soares.  

O dirigente comunista considerou que "a gravíssima situação dos blocos de partos e urgência de obstetrícia do SNS é um desastre há muito anunciado e, mais do que isso, uma consequência esperada e desejada da política de saúde do atual e do anterior Governo".

Salientando que, este fim de semana, "a maioria das maternidades da região de Lisboa e Vale do Tejo estiveram encerradas", além de as grávidas de Leiria terem sido remetidas para o Porto até dia 19, Bernardino Soares considerou que esta situação "muito grave" não tem qualquer resposta no programa de emergência para a saúde apresentado pelo Governo.

Sobre o atraso na contratação de médicos especialistas, Bernardino Soares considerou que o objetivo "é garantir a prioridade aos privados para os contratar". 

Bernardino Soares reiterou ainda que as dadas pelo SNS às grávidas representam um "total desrespeito pelo direito a um parto tranquilo e em segurança". "É uma situação muito grave, que não tem resposta do Governo", afirmou. 

O comunista acredita que a solução para o problema na área de obstetrícia "tem como  fundo a melhoria da remuneração e condição de trabalho dos profissionais de saúde". 

"O que se exige do Governo são medidas concretas, imediatas e urgentes que respondam a uma situação insustentável que coloca em risco a saúde e a vida das mulheres grávidas. O que se exige é que o primeiro-ministro e a ministra da Saúde divulguem ao país as medidas a adotar", defendeu.

O dirigente comunista disse ainda que, no PS, há quem queira "sacudir a água do capote" sobre o que se está a passar no SNS, mas acrescentou que se pode dizer, "sem falsa ironia", que "as críticas que PS faz ao PSD e que PSD faz ao PS são ambas verdadeiras porque eles são cúmplices na situação a que se chegou".

Questionado como é que vê o apelo, feito pelo líder parlamentar do PSD, para uma convergência alargada entre os partidos para salvar o SNS, Bernardino Soares respondeu: "Mas o que é que é salvar o SNS para o PS e o PSD?".

Interrogado sobre a alegada recusa do hospital das Caldas da Rainha em atender uma grávida que tinha sofrido um aborto espontâneo, Bernardino Soares pediu que seja rapidamente esclarecido, mas recusou comentar o caso em concreto, salientando que o importante é que a ministra da Saúde anuncie "as medidas para resolver a situação geral".

"Porque estes casos só acontecem porque as urgências estão encerradas, porque os bombeiros andam a transportar grávidas por centenas de quilómetros sem saber onde as podem deixar para serem atendidas. Esse é que é o problema de fundo", afirmou.

De salientar que vários serviços de urgência ginecológica/obstétrica têm estado encerrados devido à falta de recursos humanos. As autoridades de saúde apelam à população para que antes de se deslocarem a um serviço de urgência, para ligarem sempre para o SNS 24 (808 24 24 24).

[Notícia atualizada às 16h26]

Leia Também: Partos programados de grávidas de Leiria serão feitos no Porto até dia 19

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