"O Presidente da República quase que diz que mais vale um mau Orçamento ou um péssimo Orçamento do que uma clarificação política. Nós dizemos que o país já perdeu tempo demais. (...) E, portanto, se é para ter um péssimo Orçamento, preferimos clarificação política e preferimos eleições", defendeu Rui Rocha, numa conferência de imprensa, em Lisboa.
O líder da IL foi questionado sobre as declarações do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que na quinta-feira considerou que "não se põe como viável" não haver Orçamento do Estado para 2025, escusando-se, porém, a responder o que tenciona fazer em caso de chumbo da proposta do Governo.
Rui Rocha considerou que "o país perdeu muitos anos com a gestão socialista" e que os portugueses escolheram uma mudança nas legislativas de março, fazendo um balanço negativo da governação do executivo minoritário PSD/CDS-PP seis meses após a tomada de posse.
"Se a AD [Aliança Democrática, coligação PSD/CDS-PP] não tem essa energia ou capacidade política de fazer essa mudança, então para mais do mesmo eu prefiro eleições a ter mais do mesmo", afirmou.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, já condicionou a viabilização do orçamento às propostas do IRS Jovem e da descida de IRC do Governo e o executivo manifestou disponibilidade para negociar, mas Rui Rocha avisou hoje que quanto maior for a aproximação com os socialistas, maior será a distância face aos liberais, que continuam disponíveis para negociar "em boa-fé".
"Para o PS, descer impostos, sejam eles para empresas ou pessoas, é uma linha vermelha, e o PS não quer que se desçam impostos. Nós entendemos que há margem e é imperioso que se desçam impostos. (...) Quanto mais a AD se aproximar destas pretensões do PS mais distantes estaremos nós dessa posição que a AD possa vir a assumir", afirmou.
Caso o Governo se aproxime das visões do PS, na ótica do líder liberal, estará também a aproximar-se do Chega: "Quando nós vemos despesa pública, o limite de despesa pública a crescer, eu vejo que a AD está a aproximar-se quer do Chega, quer do PS, e a afastar da Iniciativa Liberal e da visão de futuro, da visão de Estado, da visão de economia e de sociedade que a IL tem", sustentou.
Rocha mostrou-se desfavorável a um cenário de duodécimos ou de um orçamento retificativo.
O presidente da IL adiantou ainda que não vai estar presente nas reuniões que o Governo vai ter com os partidos na Assembleia da República na terça-feira, por entender que estas se vão realizar num nível de representação parlamentar, desvalorizando a ausência do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
"Esta coisa de quem está e quem não está é mais uma forma de fazer aqui alguma chicana política, e é menos relevante. O que importa são as discussões que se têm aos níveis a que se devem ter", realçou, esperando que ainda sejam realizadas reuniões entre o primeiro-ministro e os líderes partidários.
Para já, a IL mantém a sua posição sobre a proposta de Orçamento do Estado "em aberto" com uma "atitude construtiva".
[Notícia atualizada às 16h47]
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