O gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, esclareceu, esta segunda-feira, que "não há reuniões secretas" em São Bento, mas sim "encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social".
"Não há reuniões secretas na residência oficial do primeiro-ministro", lê-se na nota enviada às redações.
"Há encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social", acrescenta.
O esclarecimento surge após a CNN Portugal ter avançado, esta manhã, que o líder do Chega, André Ventura, e Luís Montenegro estiveram reunidos na residência oficial do primeiro-ministro.
Também a Iniciativa Liberal (IL) confirmou que o líder do partido, Rui Rocha, esteve hoje reunido com o primeiro-ministro no "âmbito da situação política e das negociações do Orçamento do Estado".
Pouco antes da reunião, André Ventura tinha acusado, em conferência de imprensa, o Governo de não ter interesse em fazer nenhuma negociação orçamental e querer provocar eleições, numa ocasião em que criticou quer Luís Montenegro quer o líder do PS, Pedro Nuno Santos.
"Os dois querem sair desta novela do Orçamento o melhor possível, sem se responsabilizar pela crise política que o Presidente da República já anunciou que virá se não houver Orçamento. É deste espetáculo que o Chega está fora, porque percebeu desde o primeiro momento que o Governo não queria, na verdade, negociar com ninguém", tinha dito Ventura.
Por sua vez, também esta segunda-feira, Pedro Nuno Santos afirmou que só não haverá Orçamento de Estado para 2025 se o PSD não quiser e que o envio de um comunicado por parte do Governo sobre o processo negocial foi uma "provocação infantil".
"Eu quero deixar claro que não é por causa do PS que não haverá Orçamento de Estado, só não haverá Orçamento de Estado se o Governo não quiser e só haverá eleições antecipadas se o Governo ou o senhor Presidente da República quiserem", disse Pedro Nuno Santos à margem de uma visita às áreas afetadas pelos incêndios em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro.
E o que diz o Presidente da República? "Se não houver orçamento há crise política e económica"
Já o Presidente da República afirmou, esta segunda-feira, que "se não houver Orçamento" do Estado para 2025 "há crise política e económica". No entanto, recusou dizer se convocará eleições antecipadas nesse cenário.
Em declarações aos jornalistas transmitidas pelas televisões depois de se vacinar num centro de saúde em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "já todos perceberam" que o seu objetivo político é que haja Orçamento do Estado, por considerar que qualquer solução política que não passe por essa viabilização "é má" para o país.
"Hoje é um dia bom porque já está marcada a reunião entre o primeiro-ministro e o líder da oposição. Espero que seja um de vários passos no que considero ser o melhor caminho para Portugal, não é para o partido A, para o partido B, não é para o líder A ou líder B, é bom para Portugal porque dispensa crises", disse.
Questionado se caso não haja Orçamento aprovado haverá eleições antecipadas, respondeu: "Se não houver orçamento há crise política e económica".
Perante a insistência dos jornalistas se se pode concluir que haverá eleições, o chefe de Estado disse: "Não concluímos nada, a única conclusão é que vale a pena que o Orçamento passe. Eu continuo fisgado - como diz o povo - nessa", disse.
Sublinhe-se que a primeira reunião entre o primeiro-ministro e Pedro Nuno Santos para debater o OE 2025 foi marcada no domingo para a próxima sexta-feira, às 15h00.
A informação foi transmitida cerca de uma hora depois de o primeiro-ministro ter enviado um comunicado às redações a acusar o secretário-geral do PS de "indisponibilidade recorrente" para uma reunião sobre o documento, alegando que está a tentar marcar uma reunião com Pedro Nuno Santos sobre o Orçamento do Estado para 2025 desde 4 de setembro.
Em resposta, o líder do PS acusou o Governo de provocar os socialistas com um "comunicado inaceitável" sobre o processo negocial do Orçamento do Estado para 2025 e querer criar uma "indesejável instabilidade política", rejeitando alimentar "discussões infantis e estéreis".
[Notícia atualizada às 15h35]
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