O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, aproveitou o discurso na sessão de abertura das Jornadas Parlamentares do partido para criticar a proposta de Orçamento do Estado do Governo, que considera ter “muita propaganda” e ser uma “hipervalorização de medidas que foi obrigado a tomar”. Anunciou o voto contra e deixou também uma farpa ao PS, por se “identificar com a generalidade da proposta”.
“Assistimos à ilusão de intenções em relação a medidas anunciadas para parecer aquilo que não são. A narrativa de que não havendo Orçamento do Estado apenas nos resta o caos, associada a outra de que não há alternativa possível, tem contribuído para instalar a ideia de inevitabilidade. Numa alternância de rostos e partidos, todos submissos à União Europeia, capital e ataques aos valores de abril”, afirmou Paulo Raimundo.
O comunista frisou que o partido votará "contra as injustiças e desigualdades que o Orçamento contém", "contra a transferência de milhares de milhões de euros de recursos públicos para os bolsos do capital", "contra a política de baixos salários, degradação dos serviços públicos, de privatizações e concessões".
"Votaremos contra porque nos opomos a este Governo, a este caminho e a esta política. E votaremos contra porque sabemos que há alternativa, um outro caminho, um outro Orçamento e uma outra política que é possível", afirmou.
O PCP inicia esta segunda-feira jornadas parlamentares na Assembleia da República para aprofundar a análise da proposta de Orçamento do Estado, através de audições públicas, e “avançar com soluções que são necessárias” para o país.
O Governo entregou na semana passada, no Parlamento, a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), que prevê que a economia cresça 1,8% em 2024 e 2,1% em 2025 e um excedente de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 0,3% no próximo.
A proposta ainda não tem assegurada a viabilização na generalidade e a votação está marcada para dia 31, no Parlamento.
Se a proposta de Orçamento do Governo PSD/CDS-PP for viabilizada na generalidade com a abstenção do PS ou, em alternativa, com os votos favoráveis do Chega, será então apreciada na especialidade no parlamento entre 22 e 29 de novembro. A votação final global do Orçamento está prevista para 29 de novembro.
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