No periodo das declarações políticas desta tarde no parlamento, o PS, pela voz do deputado Marcos Perestrello e sob o tema a "autoridade no exercício de funções públicas", levou as notícias que envolvem o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à discussão. Em causa estão notícia de que o ministro terá ofendido militares no aeroporto de Figo Maduro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses do Líbano, no início do mês.
"O que se poderá ter passado na cabeça do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros para achar que podia destratar militares que cumprem a sua missão. Num estado de direito a lei é igual para todos e todos têm que a cumprir", considerou o socialista.
Marcos Perestrello considerou que o silêncio de Paulo Rangel "sobre a sua alegada falta de respeito é um silêncio comprometedor e envergonhado", manifestando "apreço aos militares desrespeitados".
"Ao ministro exigimos explicações e um pedido de desculpas", apelou.
O vice-presidente da Assembleia da República considerou que o governante "aparenta não compreender a sua autoridade" em relação às Forças Armadas, referindo que "existe uma fronteira entre o poder civil e o poder militar que não pode ser ultrapassada".
"O senhor ministro aparenta não compreender a importância da autoridade, da hierarquia e da disciplina", condenou.
No período de esclarecimentos, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, disse que fez questão de ser ele próprio "a assinalar de forma formal o estado a que chegou o PS", acusando os socialistas de terem trazido ao plenário "a notícia do tabloide".
"A grande resposta que deve dar é manifestamente o silêncio e não alimentar uma polémica estéril", defendeu, questionando o que sabia o deputado do PS sobre este caso que mais ninguém no plenário sabe.
Falar de "autoridade no exercício das funções públicas ou proclamar que a lei ser igual para todos" fez Hugo Soares recordar "dois casos" do passado que envolvem socialistas.
O primeiro foi quando, em 1993, o antigo Presidente da República Mário Soares desceu as escadas de um autocarro para dizer a um agente da GNR que desaparecesse e, um outro bem mais recente, quando houve desacatos no Ministério das Infraestruturas e houve "bicicletas a ir contra os vidros".
"Senhores deputados, um pouco de decoro, de respeito democrático é o que se exige", pediu.
Já o Chega, através de Nuno Simões de Melo, saudou o tema trazido pelo PS e recordou que o partido, tal como os socialistas, pediram hoje uma audição de Paulo Rangel.
O deputado do Chega criticou o facto de "governantes destratarem chefes militares, dando o exemplo que não deve ser feito" e com isso "destratam a nação".
"Para nós, tal governante não é digno de exercer essas funções. Acompanhar-nos-á no pedido de demissão?", perguntou.
Já o BE, através de Marisa Matias, apontou um "conjunto de incompreensões" neste caso, entre as quais "os termos" que Paulo Rangel alegadamente usou para se dirigir aos militares e a forma como quis "afrontar o protocolo", segundo o noticiado.
Mas para a deputada bloquista é também incompreensível o silêncio do Presidente da República e comandante supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, e do próprio ministro, atores políticos que disse serem "pouco dados ao silêncio".
A agência Lusa tentou confirmar os alegados acontecimentos junto da Força Aérea mas fonte oficial do ramo escusou-se a comentar.
No Congresso do PSD, em declarações à CNN/TVI, Paulo Rangel também não quis comentar: "Não vou estar a comentar um não assunto. Estar a alimentar essa novela não faz sentido absolutamente nenhum. Comigo, pelo meu sentido de estado, por aquilo que é a minha história, não contarão comigo para falar desse assunto".
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