Polémica no INEM é "inaceitável", mas "não se resolve com demissões"
O social-democrata Luís Marques Mendes falou da polémica do INEM, tema que marcou a atualidade esta semana. A oposição defende a saída da ministra Ana Paula Martins da pasta, mas Marques Mendes não. Considerando a situação "inaceitável", o social-democrata elencou ainda os intervenientes que andaram mal, que foram "todos".
© Partido Social Democrata/Flickr
Política Luís Marques Mendes
O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Luís Marques Mendes comentou, este domingo, a crise no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). O social-democrata mostrou-se contra uma eventual saída da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, defendendo que é preciso dar "um passo em frente".
"Acho que tudo isto que está a acontecer é um bocadinho inqualificável. Uma das primeiras tarefas básicas de um Estado é tudo fazer para salvar pessoas. Deixemos vir os inquéritos, mas, aparentemente, não foi feito tudo para salvar pessoas nos últimos dias", começou por considerar, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias.
Em causa estão as até agora 11 mortes que aconteceram por alegados atrasos no atendimento 112. As primeiras mortes foram denunciadas no dia 8 pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), que, durante a semana acabou por suspender uma greve após conversações com o Governo, numa altura em que a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já estava debaixo de fogo, nomeadamente, com pedidos de demissão por parte da oposição.
Quando estão em causa situações como esta não se pode facilitar de maneira nenhuma
"Não sendo isto aceitável, acho que todos os intervenientes andaram mal neste processo", afirmou, detalhando. Marques Mendes sublinhou que todos significava o sindicato em questão, cuja greve foi é "legal", mas "imoral" e "desumana". "Não devia existir. Nesta área muito sensível em que pode estar em causa a vida das pessoas deve haver outras formas de luta, não tanto a greve. Respeito, mas não concordo", atirou.
O comentador apontou também o dedo à direção do INEM, que "não andou bem", defendendo prioridades face a um pré-aviso de greve neste âmbito.
"A primeira coisa que um presidente do INEM devia fazer se não fosse a primeira, avisar a sua tutela, era a segunda -, é impor serviços mínimos nos termos da lei. Nesta greve não houve serviços mínimos. Uma direção com o mínimo de experiência, cautela e atenção, desencadeava os mecanismos todos para haver serviços mínimos", apontou, rejeitando que possa ter sido "de propósito", mas que ainda assim a situação não deixa de ser negligente. "Uma pessoa pode dizer 'já houve greves no passado e não aconteceu nada'. Mas pode acontecer sempre. Quando estão em causa situações como esta não se pode facilitar de maneira nenhuma", avisou.
Em relação ao Governo, Marques Mendes considerou que o Ministério da Saúde teve uma falha. "É uma, mas numa questão que podia fazer a diferença toda", atirou, falando da desconvocação da greve, que adveio de uma reunião com o Executivo. "O que a ministra fez agora, já com a greve iniciada, devia ter sido feita antes de a greve começar [...]. Esta reunião que a ministra fez já no decurso da greve devia ter sido feita antes do início da greve. E, se agora conseguiu desconvocar, teria sido evitada a greve, e desconvocada - e, eventualmente, evitando-se uma greve evita-se toda esta suspeita relativamente a várias fatalidades e este alarme social. Foi uma pena. Tenho muito dificuldade em perceber isto", explanou.
Sublinhando que "ainda ninguém deu uma explicação sobre isto", Marques Mendes foi confrontando sobre se a explicação em causa deveria vir da responsável pela pasta: "Com certeza. Se ela entender, mas, para mim a falha é esta".
A resolução, o desgaste e a permanência da ministra
Em relação à resolução desta crise, o social-democrata rejeitou que a saída da ministra fosse a solução para a questão. "Acho que, aqui chegados, o assunto não se resolve com demissão para aqui ou acolá. O problema não se resolve com demissões. O problema resolve-se tendo mais cuidado, mais atenção e evitando novos erros", defendeu.
O comentador argumentou que há um peso político a pagar, mas que este se trata de assumir responsabilidades e de dar um "passo em frente" e ter "mais cuidado no futuro". Também a situação, assim como outras, deixam "desgaste" no Governo, defendeu Marques Mendes, reiterando: "Isto não se resolve com remodelações porque um primeiro-ministro a remodelar um Governo de seis em seis meses. Isto resolve-se havendo mais cuidado e rigor".
Marques Mendes lembrou que estas situações não só desgastam o Governo, como também quem dá a cara por este. "E um primeiro-ministro não é remodelável".
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