No discurso de encerramento do Orçamento do Estado para 2025, Paulo Raimundo defendeu que a proposta apresentada pelo Governo devia "responder aos que criam a riqueza" e "garantir a dignidade a quem trabalhou uma vida inteira".
No entanto, o secretário-geral do PCP defendeu que o Orçamento do Estado "se coloca ao serviços dos lucros dos grupos económicos e das multinacionais" e, numa altura em que "faltam médicos, enfermeiros, técnicos, professores e auxiliares, pessoal nas forças de segurança" e investimento em serviços públicos, o Governo e "quem apoia esta política seguem sem questionar as ordens de Bruxelas, aplaudem o excedente orçamental e, como sempre, garantem as contas certas com o capital".
"É tudo isto que o PS viabiliza e, ao fazê-lo, coloca-se ao lado do PSD e do CDS e permite a Chega e Iniciativa Liberal (IL) que possam votar contra um Orçamento com o qual estão profundamente de acordo", salientou.
Para Paulo Raimundo, "todos, para lá das fabricadas discordâncias, são ou se tornam cúmplices do caminho que está em curso".
O dirigente do PCP defendeu que foram essas forças políticas que "chumbaram [a iniciativa do seu partido para] o aumento das pensões em 5%, num mínimo de 70 euros para mais de dois milhões de reformados e pensionistas, alegando que não há dinheiro".
"Mas aprovaram a entrega de 1.800 milhões de euros em benefícios fiscais para as grandes empresas. Chumbaram o acesso à reforma sem penalização ao fim de 40 anos de trabalho e descontos, mas nem pestanejam no avanço das criminosas privatizações", referiu.
Paulo Raimundo frisou ainda que esses partidos optaram por chumbar propostas do PCP como "a redução do IVA para 6% na eletricidade, telecomunicações e gás" ou a fixação do preço da bilha de gás em 20 euros, mas "estiveram juntos para mais uma escandalosa redução do IRC direitinha para as grandes empresas".
"E vale a pena recordar que, há 10 anos, também o IRC desceu, uma descida de 4%, que não alterou o modelo de baixos salários nem fez crescer a economia como agora se volta a prometer que vai acontecer. Foi determinante, isso sim, para que hoje chegássemos à situação em que os principais grupos económicos encaixam 32 milhões de euros de lucros por dia", criticou.
O secretário-geral do PCP acusou ainda esses partidos de terem chumbado a dedicação exclusiva de profissionais no SNS, mas de terem aprovado "o desvio de metade do orçamento do SNS para os grupos económicos privados", além de terem rejeitado o reforço da habitação pública, mas manterem "1.700 milhões de euros de benefícios para os residentes não habituais".
"Chumbaram a vinculação dos trabalhadores precários na administração pública e o aumento do subsídio da refeição e, como se não bastasse, consagraram a regra de nem mais um trabalhador para reforçar os serviços públicos", afirmou.
Paulo Raimundo criticou ainda que este Orçamento do Estado entregue, "de mão beijada, 1.500 milhões de euros aos concessionários das parcerias público-privadas" e aprove "benesses e isenções ao patronato".
"Esses tais que se acham donos disto tudo têm hoje razões para estarem satisfeitos. Não só o seu Orçamento vai ser aprovado, como sabem que contam com o seu Governo, mas também com a IL e o Chega e também com o PS para acumular privilégios, regalias e património", disse.
No entanto, Raimundo referiu que os trabalhadores, o povo e a juventude, "cuja vida ficará ainda mais difícil", também sabem que podem contar "com Abril e com a Constituição da República, que nenhuma operação reacionária pode apagar", assim como "com a intervenção, a coragem e determinação do PCP para o que der e vier".
"Contam com o PCP para enfrentar ao seu lado os projetos daqueles que querem pôr o país a andar para trás", garantiu.
[Notícia atualizada às 13h00]
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