Esquerda e PAN aprovam voto de pesar pela morte de Camilo Mortágua

PS, BE, PCP, Livre e a deputada única do PAN aprovaram hoje um voto de pesar pela morte do antifascista Camilo Mortágua, lembrando que "lutou sempre pela liberdade e pela justiça" e enaltecendo o seu papel contra a ditadura salazarista.

Notícia

© Pedro Chilrito / Global Imagens

Lusa
05/12/2024 20:20 ‧ 05/12/2024 por Lusa

Política

Camilo Mortágua

O voto de pesar - que foi lido pela deputada do BE e filha do antigo dirigente antifascista Joana Mortágua, com um cravo na lapela - foi aprovado com a abstenção do PSD e da Iniciativa Liberal e o voto contra do Chega e do CDS-PP.

 

No final da votação, os deputados da esquerda parlamentar e a deputada única do PAN levantaram-se e bateram palmas e foram acompanhados pelos familiares e amigos que estavam presentes nas galerias do hemiciclo.

O texto foi apresentado pela bancada do BE -- que inclui as duas filhas, Mariana e Joana Mortágua -, pelos deputados do Livre e por vários parlamentares do PS, entre eles, o secretário-geral, Pedro Nuno Santos, e a líder parlamentar, Alexandra Leitão.

Na iniciativa, é recordado que Camilo Mortágua morreu no passado dia 01 de novembro, aos 90 anos, em Alvito, "terra onde escolheu viver".

"Antifascista militante, foi protagonista de vários episódios de resistência à ditadura do Estado Novo e foi condecorado por esse percurso como Grande Oficial da Ordem da Liberdade pelo Presidente da República Jorge Sampaio", é lembrado.

Nascido em Oliveira de Azeméis, Camilo Mortágua emigrou para a Venezuela em 1951 e com "17 anos e a quarta classe, começou por ser padeiro, e aí iniciou a sua militância contra o fascismo".

A iniciativa refere ainda que Camilo Mortágua "fez parte da Direção Revolucionária Ibérica de Libertação", em 1961 "participou no assalto ao paquete Santa Maria, sob o comando do capitão Henrique Galvão, e, com Palma Inácio, no desvio de um avião da TAP para lançar sobre Lisboa 100.000 panfletos contra o regime salazarista".

"Em 1967 participou no assalto à filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz, com o objetivo de financiar a atividade antifascista, e esteve na fundação da Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR). Apesar de perseguido, nunca foi apanhado pela PIDE", lê-se no texto.

Os deputados realçam ainda que depois do 25 de Abril de 1974, que terminou com a ditadura em Portugal, Camilo Mortágua "dinamizou a ocupação da Herdade da Torre Bela, em Azambuja, da qual resultou a criação da cooperativa agrícola Torre Bela" e nesse período "criou a Era Nova, que apoiou músicos como Zeca Afonso ou Sérgio Godinho".

"Dedicou as décadas seguintes a trabalhar em projetos de combate à pobreza e de desenvolvimento local. Foi promotor do programa LEADER e fundador da Associação Terras Dentro, nas Alcáçovas. Foi presidente da APURE, Associação para as Universidades Rurais Europeias. Autodidata toda a vida, deixa escritos vários livros", é acrescentado.

Nos últimos anos da sua vida, Camilo Mortágua filiou-se no Bloco de Esquerda, "onde promoveu a militância de base" e "lutou sempre pela liberdade e pela justiça", lê-se no pesar.

A Assembleia da República manifestou o seu "profundo pesar" e prestou homenagem ao legado de Camilo Mortágua, endereçando a "familiares, amigos e camaradas as suas sentidas condolências".

Leia Também: Camilo Mortágua. Lisboa manifesta pesar sem PSD, MPT, PPM, Aliança e CDS

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas