Luís Marques Mendes, antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), defendeu, este domingo, que o combate à corrupção deve ser uma "prioridade" do próximo Presidente da República.
Esta posição foi partilhada no seu habitual espaço de comentário na SIC, quando o social-democrata comentava o facto de o Tribunal da Relação de Lisboa ter decidido que José Sócrates vai mesmo a julgamento, acusando o antigo primeiro-ministro de abusar "dos direitos que a lei lhe dá", com o "objetivo de adiar o mais possível o julgamento e até tentar que o processo vá prescrevendo".
"Este caso também mostra que, apesar de ter havido ao longo dos anos algumas alterações nas leis, há uma justiça para ricos e outra para pobres. Quem tem dinheiro, quem tem recursos e, portanto, pode pagar a advogados e ter outro tipo de despesas, consegue tudo isto, que a lei vai permitindo", disse. "Isto não é justiça, nem é combate à corrupção", apontou.
Nesta senda, sem nunca falar na sua possível candidatura a Belém e lembrando que havia dito que o futuro Presidente da República "tem de ser um construtor de pontes", aproximando posições entre partidos, esclareceu que o combate à corrupção é uma das áreas prioritárias, dando assim a entender que esta pode ser uma das suas bandeiras, caso avance para uma corrida presidencial.
"Combate à corrupção - tem de ser mais firme e tem de ser mais rápido, nas investigações e nos julgamentos. Mudando as leis não para retirar direitos às pessoas, mas para evitar os abusos. Tem de haver um consenso alargado e tem de se mediar", disse.
"A questão do combate à corrupção é de facto uma questão fundamental. A corrupção mina a democracia, mina a economia, mina a confiança das pessoas nas instituições", acrescentou.
Embora admita que "as circunstâncias mudaram muito" e que a dificuldade aumenta com um Governo minoritário e o Parlamento "fragmentado", Marques Mendes defendeu que "tem de se assumir, de uma forma muito clara, muito firme, que esta tem de ser uma prioridade".
Bombeiros Sapadores "comportaram-se quase como delinquentes ou vândalos"
No seu espaço de comentário, Marques Mendes aproveitou também para comentar os recentes protestos dos Bombeiros Sapadores, considerando que estes profissionais "foram longe demais".
"Acho que foram longe demais e foi gravíssimo. Não desculpo esta situação, nem a desvalorizo. Acho que é das situações mais graves que vi em Portugal", disse.
O antigo líder social-democrata apontou que os Bombeiros "têm razão porque são mal pagos" e "têm direito a manifestarem-se", mas o que aconteceu "é intolerável" e "coloca em causa a imagem de todo o setor".
"São alguns. Comportaram-se quase como delinquentes ou vândalos, pareciam até os 'hooligans' das claques de futebol", disse o comentador, defendendo que "não há liberdade sem autoridade", "Democracia sem ordem pública" e que "num Estado de Direito há regras iguais para todos".
"Não é apenas um mau exemplo, isto é um desafio a valores fundamentais da nossa Democracia", apontou, considerando que o Governo "agiu bem" ao suspender as negociações.
"Manifestação ilegal, desordeira, violenta, tudo aquilo que não é aceitável (...) Soldados da paz, como se intitulam, não podem ter este comportamento", completou o ex-líder do PSD.
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