Numa intervenção no segundo de três dias do XXII Congresso do PCP, em Almada, Paula Santos disse que as maiores dificuldades enfrentadas pelos comunistas "resultam da atual correlação de forças mais favorável ao grande capital" e que o partido precisa de perceber como superar as dificuldades e como "a intervenção dos deputados comunistas pode ser mais eficaz para a defesa dos interesses dos trabalhadores".
"Todos os dias, a vida comprova, como é negativa para os trabalhadores e o povo a redução do número de deputados comunistas. São precisos mais para defender quem trabalha e vamos ter mais. E até lá, vamos lutar com todas as nossas forças", sublinhou.
Paula Santos argumentou que o PCP avança nessa missão com a consciência do que diz ser "uma ofensiva contra o partido, a mentira e o silenciamento" e com "uma estrita ligação à realidade concreta" para dar "voz às aspirações dos trabalhadores e das populações".
No parlamento, garantiu, os comunistas não perdem oportunidades "para avançar com soluções" e confrontar o Governo, enquanto outras forças políticas, na opinião da líder parlamentar do PCP, "procuram desviar a atenção do que é central para ocultar o seu comprometimento com os grupos económicos, que servem e de quem dependem".
"Não alinhamos no compadrio do PS ao PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega para favorecer os grupos económicos que exploram e acumulam riqueza à custa de quem trabalha e de quem trabalhou uma vida inteira", atirou.
A deputada comunista lembrou as propostas do partido no âmbito da discussão orçamental e as iniciativas discutidas e chumbadas esta semana no sentido de aumentar o salário mínimo para mil euros.
Paula Santos argumentou que a intervenção do PCP no parlamento "pode e deve ser potenciada como um instrumento para afirmar a política alternativa" proposta pelos comunistas.
"A pergunta, o projeto de lei, constitui um elemento de agitação para o desenvolvimento da luta, não desperdiçando espaços de ação, de esclarecimento e conhecimento sobre o que defendemos", sublinhou.
Antes, interveio Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, que criticou o que diz ser uma "ofensiva política e ideológica contra o direito ao ensino e à escola pública".
"Uma ofensiva que tem na sua matriz uma aposta muito forte no objetivo de manter o ensino como aparelho de reprodução do capitalismo para recriar as condições materiais e ideológicas da sua própria existência", disse.
O dirigente comunista opôs-se ainda ao que diz serem insinuações de que "os professores podem vir a ser substituídos por máquinas cada vez mais poderosas e inteligentes" por considerar que "muitas das tecnologias da moda, em particular a inteligência artificial, ameaçam uma educação culta, criativa e humana".
O PCP iniciou na sexta-feira o seu 22.º Congresso, que conta com a participação de cerca de 1.040 delegados e que arrancou com um discurso do secretário-geral do partido, Paulo Raimundo.
Os delegados elegem hoje a nova composição do Comité Central do partido, órgão máximo entre congressos, que deverá consagrar uma direção com menos membros, mais jovem e com mais mulheres.
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