"Este governo está a afundar o SNS. E é o próprio governo que o diz. Vai esgotar o SNS até ao fim das suas capacidades. Por outras palavras, o Governo vai esmifrar o SNS e os seus trabalhadores até não poder mais. E quando não puder mais, vai empurrar para privados como já está a fazer", disse Mariana Mortágua à margem de um encontro com a coordenadora das Comissões de Trabalhadores da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal.
"O que o Governo está a fazer é entregar uma parte do SNS a misericórdias e hospitais privados, misericórdias nas quais o próprio PSD tem interesses, e misericórdias, nas quais os dirigentes do PSD têm lugares de destaque nos órgãos sociais", frisou a coordenadora do BE.
Mariana Mortágua comentava as conclusões de um estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) sobre a concorrência na área hospitalar não pública, que foi divulgado hoje e que abrangeu 92 hospitais e 113 unidades de ambulatório dos setores privado e social detidos por 57 operadores, segundo o qual os hospitais privados estão a registar um "crescimento significativo" de importância há mais de 10 anos no sistema de saúde nacional, com a sua despesa corrente a ser cada vez mais suportada diretamente pelas famílias.
"Há um `lobby´ do PSD a norte que está a dirigir a política de saúde e que está a dirigi-la para o setor privado, onde esse `lobby´ tem interesses, e para muitas misericórdias do país. Isto é afundar o SNS e não tenhamos nenhuma dúvida", disse Mariana Mortágua, defendendo que "é preciso reverter este caminho".
"O Governo governa para uma minoria, governa para uma elite. É um governo que aparece a estender as concessões de aeroportos e de portos, mas que não quer saber de despedimentos de centenas de pessoas no setor automóvel; é um governo que baixa os impostos às grandes empresas e uma parte das pessoas não consegue aceder a uma habitação, não consegue pagar uma casa; é um governo que está a garantir negócio de saúde a hospitais privados, a clínicas privadas, mas que é incapaz de negociar com profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, auxiliares, uma carreira que permita que os concursos não fiquem vazios e que o SNS possa prosperar. O governo faz escolhas políticas e essas escolhas políticas são escolhas de uma minoria, de uma elite. E isso tem sido visível em várias áreas de governação", concluiu Mariana Mortágua.
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