Eis uma cronologia dos principais momentos eleitorais do ano que hoje termina e os incidentes que as envolveram:
Taiwan, 13 de março
As eleições presidenciais em Taiwan foram marcadas por tensões com Pequim, que considerou o vencedor, o independentista William Lai, como um "sério perigo" devido às posições do seu partido, que defende que a ilha é de facto independente da China.
Ao longo da semana que antecedeu a eleição, Pequim, que reivindica soberania sobre o território, aumentou a sua pressão militar, lançando cinco balões para cruzar a linha mediana que separa a ilha auto-governada, segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, que também assinalou a presença de dez aviões e seis navios de guerra.
Irão, 01 de março
O Irão realizou eleições legislativas e para a Assembleia dos Peritos, órgão que elege o líder supremo da República Islâmica, num momento em que o país enfrenta um grande descontentamento popular.
As eleições foram marcadas pela desqualificação de políticos reformistas, que defendem a abertura gradual do país, por apelos ao boicote, pela indiferença e apatia do eleitorado devido à crise económica do país, pelo distanciamento dos candidatos e pela alienação política, acentuada após os protestos motivados pela morte da jovem curda Mahsa Amini, em setembro de 2022, quando se encontrava sob custódia policial por alegadamente usar indevidamente o "hijab" (véu islâmico).
Índia, 19 de abril
As eleições legislativas na maior democracia do mundo contaram com mais de 640 milhões de votos, numa maratona eleitoral ao longo de seis semanas e sete fases, tendo como temas a luta contra a inflação, o desemprego e a manutenção do rápido crescimento económico de um país que ambiciona tornar-se a terceira maior economia do mundo.
Narendra Modi foi empossado para um terceiro mandato como chefe do governo, depois de o seu partido, Bharatiya Janata (BJP), ter perdido a maioria no parlamento, o que o obrigou a apoiar-se em aliados e a formar, pela primeira vez, uma coligação para governar.
Rússia, 15 de maio
As eleições presidenciais na Rússia foram marcadas pelo impedimento da oposição independente de concorrer, devido ao não registo dos candidatos por parte da comissão eleitoral, por razões técnicas ou formais ou pelo seu apoio à paz na Ucrânia.
O resultado das eleições foi a quinta vitória do Presidente Vladimir Putin, com mais de 87% dos votos, um nível recorde nas eleições presidenciais realizadas sob um clima de intimidação, ausência de observação eleitoral independente e numa votação em que apenas foram autorizadas a concorrer outras três candidaturas, amigáveis em relação ao Kremlin (presidência russa).
México, 02 de junho
No México, as eleições gerais históricas, que levaram à vitória da sua primeira Presidente, Claudia Sheinbaum, foram caracterizadas por vários episódios de violência, com grupos de criminosos a visar candidatos, registando-se a morte de pelo menos 38 pessoas, a maioria das quais candidatos a cargos locais.
Pelo menos 222 locais de voto estiveram encerrados durante as eleições devido a problemas de segurança ou conflitos sociais, afetando cerca de 120 mil eleitores, principalmete em Chiapas, estado fronteiriço do sul, onde as disputas entre o crime organizado e a elevada violência levaram à suspensão das votações nos municípios de Chicomuselo e Pantelhó. Em Michoacán, no oeste, 84 assembleias de voto não abriram devido à insegurança.
Venezuela, 28 de junho
Nas eleições presidenciais da Venezuela, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao Presidente Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, ao passo que a oposição, com base em atas das mesas de voto, afirmou que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
Tanto a oposição venezuelana como vários países da comunidade internacional denunciaram os resultados como fraudulentos e exigiram a apresentação dos registos de votação para que pudessem ser verificados de forma independente, o que levou à contestação dos resultados nas ruas e à sua repressão pelas forças de segurança, o que resultou em mais de duas mil detenções e mais de duas dezenas de vítimas mortais.
Geórgia, 26 de outubro
O país caucasiano tem atravessado uma grave crise política desde as eleições legislativas, um processo que foi alvo de várias acusações de fraude pela oposição, pela Presidente Salome Zurabishvili, e pelos observadores internacionais. A vitória foi atribuída ao partido no poder, o Sonho Georgiano.
O clima de contestação no país agravou-se após as eleições e deu origem a várias manifestações que contaram com a presença de milhares de pessoas para contestar os resultados. A Presidente exigiu ao Governo que definisse a data das novas eleições legislativas, que o executivo rejeitou.
Estados Unidos, 04 de novembro
Durante a sua campanha, o vencedor reeleito Presidente, Donald Trump, foi alvo de duas tentativas de assassinato e fez mais de 100 ameaças de processar os seus adversários políticos.
Ao longo das eleições presidenciais, foram registados vários ataques incendiários nas urnas de voto em todo o país e foram enviadas por correio eletrónico ameaças de bomba, que mais tarde foram identificadas como falsas e de origem russa, para assembleias de voto em cinco estados decisivos: Georgia, Michigan, Arizona, Wisconsin e Pensilvânia.
Roménia, 24 de novembro
Na Roménia, os resultados da primeira volta das eleições presidenciais foram anulados pelo Tribunal Constitucional romeno devido a suspeitas de alegada interferência russa. Através de milhares de contas nas rede sociais TikTok e Telegram, agentes russos alegadamente promoveram o ultranacionalista Calin Georgescu, que inesperadamente venceu a primeira volta.
Relatórios dos serviços secretos romenos indicaram que a "promoção agressiva" de Georgescu recebeu um financiamento estrangeiro não declarado de mais de um milhão de euros, apesar de o candidato afirmar não ter gasto nada na sua campanha, e também destacaram a ocorrência de mais de 85.000 ciberataques atribuídos à Rússia que afectaram os sistemas eleitorais romenos antes e durante as eleições.
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