O secretário-geral do partido socialista (PS), Pedro Nuno Santos, realçou que o Presidente da República "identificou um conjunto de desafios" que Portugal e os portugueses vão ter de enfrentar nos "próximos anos", adiantando que o PS "partilha esses desafios" com Marcelo.
No entanto, Pedro Nuno Santos frisou que, embora partilhe das preocupações do Presidente da República, o PS não tem "confiança na capacidade e competência do atual governo de enfrentar esses desafios e de os resolver".
"Infelizmente, ao longo dos últimos meses, nós fomos todos capazes de constatar a incompetência do atual Governo em lidar com problemas, problemas antigos, problemas complexos", disse Pedro Nuno Santos em reação à mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Passando em revista a preocupação de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a pobreza, Pedro Nuno Santos afirmou que "as preocupações são partilhadas por todos, sem dúvida só redistribuindo melhor a riqueza gerada, mas sobretudo criando mais riqueza em Portugal, conseguiremos ultrapassar os problemas".
No entanto, o líder socialista acrescentou: "Não tivemos da parte do Governo a apresentação de uma visão estratégica para a economia, só sabemos que quer executar o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e continuar a reduzir o IRC, e depois repete a palavra 'investimento', mas sem uma visão estratégica para transformar a economia portuguesa".
Na saúde, o Governo "também tem falhado todos os dias e é incapaz de resolver os problemas", disse Pedro Nuno Santos, salientando que "o conjunto de medidas anunciadas não vai resolver, mas sim agravar o problema da saúde em Portugal", numa crítica em que apontou uma "estratégia clara de desvio de recursos públicos para o setor privado".
"Não temos um Governo do Serviço Nacional de Saúde ou da saúde, temos um Governo do interesse dos privados na saúde", criticou.
Na intervenção, o líder socialista referiu-se ainda a uma frase de Marcelo Rebelo de Sousa no discurso, quando afirmou que "ser português é ser universal".
Para Pedro Nuno Santos, isto significa que "o Presidente quis dizer aos portugueses que só [vão] melhorar enquanto país se [aproveitarem] as energias de quem vem de fora contribuir para o nosso país", num contexto em que as dificuldades e os problemas, nomeadamente os baixos salários, a habitação, o acesso à saúde, "são dos trabalhadores portugueses e dos trabalhadores estrangeiros e por isso é muito importante que os trabalhadores todos enfrentem os desafios comuns e partilhados que têm de ser resolvidos em conjunto, e não promovendo a exclusão".
[Notícia atualizada às 22h05]
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