"Destas intervenções há uma grande ausência a registar, que é a ausência a qualquer referência a reforma do Estado", criticou hoje Rui Rocha, na sede nacional da IL, no Porto, falando aos jornalistas em reação à mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa.
O líder da IL, que juntou à sua análise a mensagem de Natal do primeiro-ministro, notou que "todos falam da necessidade de crescimento económico, todos falam na necessidade de ser competitivos num ambiente muito desafiante internacional, o senhor Presidente da República disse-o".
"Mas não há ninguém - mesmo nas intervenções dos outros partidos, que tive oportunidade de ouvir - que fale na reforma do Estado", observou.
Para Rui Rocha, "a reforma do Estado é absolutamente essencial" para "acelerar Portugal", pois o "crescimento económico depende também da reforma do Estado".
"Se o Estado não for mais eficiente, se nós não formos capazes de fazer com que o Estado consuma menos recursos com as suas ineficiências, não seremos capazes de baixar impostos como devemos fazer e não seremos capazes de ser atrativos para investimento, para dinamização da economia", acrescentou.
Apesar de considerar a mensagem do Presidente da República "adequada do ponto de vista do diagnóstico", considerou-a "esgotada do ponto de vista das soluções".
"Todos nós estamos fartos de ouvir dizer que é preciso crescimento económico, que é preciso resolver a saúde, a educação, a habitação, que a situação geopolítica é complicada, mas depois nas soluções creio que o senhor Presidente incorre no mesmo problema que a generalidade dos outros partidos incorrem, que são as mesmas soluções", que considerou "estafadas".
Sobre a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Rocha partilhou da "preocupação óbvia" face à evolução do relacionamento dos Estados Unidos com a União Europeia, mas apontou a ausência a referências à situação política em Moçambique e na Venezuela, países com "centenas de milhares de portugueses".
Rui Rocha notou ainda "duas embirrações" no discurso de Marcelo Rebelo de Sousa "que parecem mais ou menos óbvias", uma relacionada "com a cooperação estratégica com o Governo" e outra "com o almirante Gouveia e Melo, quando fala da questão dos militares".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou para a necessidade de solidariedade institucional e cooperação estratégica em 2025, que garanta que o país tem estabilidade e previsibilidade no ano que hoje começa.
"Precisamos que o bom senso que nos levou a reforçar a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente Presidente da República e primeiro-ministro, prossiga, e que nos levou também a aprovar os orçamentos 2024 e 2025, continue a garantir estabilidade, previsibilidade e respeito cá dentro e lá fora", afirmou o chefe de Estado na tradicional mensagem de Ano Novo, a partir do Palácio de Belém.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda "uma economia que cresça e possa pagar melhor e aumentar os rendimentos dos portugueses, assim corrigindo também as suas desigualdades".
Marcelo insistiu também na aplicação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Precisamos que os 16 mil milhões do PRR que temos para gastar nos próximos dois anos sejam mesmo usados e façam esquecer os 6.300 milhões que gastámos, que usámos, no mesmo tempo ou ainda maior, até hoje", reforçou, defendendo que Portugal tem de ficar "mais preparado para enfrentar as aceleradas mudanças na Europa e no mundo".
Leia Também: "Especial sintonia" entre mensagens de Marcelo e Montenegro