A criminalidade violenta na área de responsabilidade do Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da Polícia de Segurança Pública (PSP) desceu 1,4% no ano passado em relação a 2023, enquanto a criminalidade geral diminuiu 8,9%, de acordo com dados da força de segurança. Ainda assim, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, considerou que existe a perceção de que a criminalidade "tem um tipo de violência diferente", motivo pelo qual a socialista e candidata às eleições autárquicas por Lisboa, Alexandra Leitão, o acusou de empregar uma “narrativa eleitoralista”, sustentada no “alarmismo”.
Na área de intervenção do COMETLIS, que compreende a totalidade dos concelhos de Lisboa, Amadora, Oeiras e Odivelas, assim como as zonas urbanas dos concelhos de Cascais, Loures, Sintra, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, a criminalidade geral desceu 8,9% no ano passado em relação a 2023, enquanto no concelho de Lisboa diminuiu 12,6%.
Por seu turno, a criminalidade violenta e grave registada na área abrangida pelo COMETLIS desceu 1,4%, e no concelho de Lisboa 10,41%.
O subintendente Rui Costa, comandante da Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa, reforçou, esta terça-feira, que “houve uma redução significativa” no que diz respeito à criminalidade geral e à criminalidade violenta e grave entre 2023 e 2024 não só na capital, mas nos concelhos circundantes, ainda que tenha ressalvado que existem “fenómenos” que preocupam as autoridades.
“Há fenómenos, nomeadamente na cidade de Lisboa, mas também nos concelhos limite, que nos preocupam, nomeadamente o tráfico de droga, os crimes cometidos com armas brancas, e a criminalidade itinerante, que são crimes que vão tendo alguma expressão, de investigação mais difícil. São fenómenos que acontecem também noutros países da Europa e estamos atentos”, disse.
Contudo, o responsável reiterou que, “em termos de números, não há” mais crimes em Lisboa e nos concelhos circundantes.
“Estes números são positivos, mas não nos tranquilizam. Há fenómenos que existem quer na cidade de Lisboa, quer nos concelhos limite, que nos levam a ter algumas preocupações e cautela em desenhar outro tipo de estratégias no combate ao crime”, acrescentou.
Ainda assim, e na ótica de Carlos Moedas, existe a perceção de que a criminalidade "tem um tipo de violência diferente", apesar de ter salientado que "Lisboa é uma cidade segura".
"Insisto que os crimes que são praticados nesta cidade, neste momento, têm um grau de violência diferente. Assaltar uma pessoa para roubar um relógio com uma arma à cabeça da pessoa não é normal e nunca aconteceu em Lisboa. Ter casos como estas violações que aconteceram também não é normal. E, lembre-se, quando há um triplo homicídio e que nós vemos aquilo que se passou na cidade que nunca tinha acontecido, também não é normal", disse Moedas, em declarações aos jornalistas.
O autarca adiantou que, se os dados se confirmarem no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), estes números representam "uma boa notícia para a cidade", mas ressalvou que continuará a insistir na necessidade de ter mais polícias nas ruas.
Moedas destacou, por isso, que os números preliminares da PSP apresentam uma média da criminalidade em Lisboa, tendo confessado que uma análise mais concreta continua a deixá-lo preocupado.
"Por exemplo, algumas freguesias: Santa Maria Maior, em 2023, apresenta o maior valor da década. Se olharmos, por exemplo, para a 2.ª Divisão, que tem Marvila, que tem o Parque das Nações, os números quase que duplicaram numa década. Ou seja, ao terem descido entre 2023 e 2024 não nos podem deixar descansados, ainda há muito trabalho para fazer e há uma preocupação", disse.
Por seu turno, Alexandra Leitão indicou que os dados apresentados parecem “não ser uma boa notícia para Carlos Moedas, que insiste em passar uma imagem de Lisboa como uma cidade insegura e violenta, única e exclusivamente para servir a sua narrativa eleitoralista”.
“Sem ignorar o trabalho que tem de ser feito e a atenção a cada território, os dados provisórios da PSP são esclarecedores: a criminalidade em Lisboa está a diminuir, o que é uma boa notícia para a cidade e para os lisboetas. […] Há trabalho a fazer mas, mais do que alarmismo, o presidente devia investir em medidas concretas como polícia de proximidade, iluminação pública e videovigilância onde se justifica”, escreveu, na rede social X (Twitter).
Sem ignorar o trabalho que tem de ser feito e a atenção a cada território, os dados provisórios da PSP são esclarecedores: a criminalidade em Lisboa está a diminuir, o que é uma boa notícia para a cidade e para os lisboetas.
— Alexandra Leitão (@Alexandrarfl) January 28, 2025
Infelizmente, parece não ser uma boa notícia para…
Dados oficiais provisórios da PSP, que hoje fazem manchete no Diário de Notícias, demonstram que a criminalidade em Lisboa registou "a segunda maior descida em 10 anos", sendo que, em 2024, foram participados na cidade "pouco mais de 28 mil crimes, o terceiro número mais baixo desde 2014, só superado pelos dois anos da pandemia".
A 20 de novembro, na cerimónia comemorativa do 157.º aniversário do COMETLIS, o comandante já tinha afirmado que os dados estatísticos da criminalidade "não correspondem ao sentimento de insegurança" difundido na opinião pública, tendo avançado que, nesta região, os crimes violentos tinham estagnado.
"Os dados estatísticos sobre a criminalidade registada não são correspondentes ao sentimento de insegurança difundido nas redes sociais e em certos setores da opinião pública", disse Luís Elias, na altura.
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