Luís Marques Mendes avança para a corrida a Belém com confiança "total", apesar das sondagens contraditórias que surgiram na última semana.
O antigo presidente do PSD despediu-se este domingo do espaço de comentário que manteve ao longo dos últimos 12 anos na SIC, justificando que tomou a decisão de avançar como candidato às eleições Presidenciais porque, depois de uma reflexão, concluiu que pode "ser útil ao país".
"Não é o calendário que me preocupa, são as ideias", explicou, questionado sobre ser o primeiro a apresentar a candidatura, já na próxima semana.
Luís Marques Mendes sustentou que tem três preocupações - "ambição, estabilidade e ética", causas que pretende depois "desenvolver e aprofundar".
Para o candidato, "não podemos passar a vida em crise política, não podemos passar a vida em dissoluções e em eleições antecipadas", justificou, recusando que aconteça no plano nacional aquilo "que está a acontecer na Madeira - uma eleição de seis em seis meses".
Para isso, é preciso um Presidente da República com "alguma capacidade de fazer pontes para evitar, de facto, crises", reforçou.
"Hoje é preciso ir muito mais longe, mas muito mais longe. Uma parte grande dos portugueses está um bocadinho farta dos políticos, da classe política. Isto não é bom em termos de democracia. Não se resolve com populismo. Resolve-se é a fazer um maior apelo à ética e aprofundar e desenvolver um conjunto de decisões para que as pessoas voltem a confiar", sustentou também.
Marques Mendes argumentou ainda que Portugal é "um país de um modo geral conformado, resignado, parece que até deprimido, parece que acomodado", o que considerou "uma doença".
O antigo ministro destacou, por outro lado, a sua experiência política como um dos pontos fortes para a sua candidatura. "Experiência é segurança, é previsibilidade", defendeu.
Ressalvando que é "o povo que decide", Luís Marques Mendes frisou por fim que "qualquer combate desta natureza é sempre difícil", mas deixou uma garantia: "Aquilo que é difícil para mim funciona como um estímulo e como um incentivo."
Luís Marques Mendes, que foi secretário de Estado, ministro com Cavaco Silva e líder do PSD (2007-2007), apresenta a sua candidatura na próxima quinta-feira em Fafe, onde promete "explicar ao país, com toda a clareza, quais são os fundamentos e as razões dessa decisão".
Um dos temas abordados por Luís Marques Mendes neste último espaço de comentário foi o pedido de demissão do secretário de Estado do Poder Local, Hernâni Dias.
"Acho que eram duas coisas inevitáveis: que ele tomasse a decisão que tomou e que o primeiro-ministro a aceitasse de imediato", defendeu.
Para o comentador, se Hernâni Dias ficasse mais tempo no Governo, "sairia completamente estorricado". "Estava criada uma suspeita e, nesta circunstância, é sempre melhor sair do que ficar agarrado ao lugar", apontou.
Luís Marques Mendes desvalorizou o silêncio de Luís Montenegro sobre o caso, considerando que o importante era "agir", já que, "no passado, também criticou os casos e casinhos" do Governo anterior. Para o antigo líder do PSD, o importante é que cada uma das partes "tomou a decisão certa".
Ainda assim, considera que o ex-secretário de Estado deve "dar uma explicação na Assembleia da República". "É que aquele comportamento de constituição de sociedades quando se está num governo, não é normal", acrescentou.
Recorde-se que o primeiro-ministro aceitou no dia 28 de janeiro o pedido de demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, sublinhando "o desprendimento subjacente à decisão pessoal" do governante.
[Notícia atualizada às 23h01]
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