Em declarações aos jornalistas após ter visitado uma associação de reformados e pensionistas em Vale Figueira, Loures, Paulo Raimundo considerou que, nas últimas horas, o Governo cometeu "dois crimes políticos" no que se refere a Israel e à Palestina.
Para o secretário-geral do PCP, o "primeiro crime político" foi não ter aproveitado as recentes declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - que referiu que, no seu plano para a Faixa de Gaza, não prevê que os palestinianos possam regressar ao território - para "reconhecer de imediato o Estado da Palestina".
"E a segunda decisão inaceitável do Governo português foi o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros ter ido a Israel. É um sinal completamente contrário ao que era preciso", disse, antes de acrescentar que não está a sugerir que Portugal corte relações com Israel.
"Mas neste enquadramento, nesta situação, ter ido a Israel... Qual é o sinal que o Governo português quer dar?", perguntou.
Questionado se lhe parece que denota conivência com Israel, Paulo Raimundo respondeu: "É profundamente conivente".
"Já não bastava toda a conivência de não operacionalizar, de não tomar decisão, de não condenar de forma clara, de não reconhecer o Estado da Palestina... O Governo português ainda acha que o tem de fazer neste momento é uma visita oficial a Israel. É tudo o contrário ao que era preciso", considerou.
Sobre as declarações de Donald Trump, Paulo Raimundo considerou que são "inaceitáveis e inqualificáveis". O dirigente comunistas lembrou, contudo, uma visita ao Egito feita em agosto pelo anterior secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, da administração Biden, para salientar que, nessa ocasião, tentou "fazer o mesmo" que Trump.
"Foi por outras palavras. Este [Donald Trump] diz que quer construir uma Riviera no Médio Oriente e o outro [Antony Blinken] alegava que era preciso proteger o povo palestiniano, retirando-o da sua terra, para que Israel pudesse bombardear à vontade", disse.
Para Paulo Raimundo, "no fim, com argumentos diferentes, todos confluíam" no mesmo desígnio.
"Vão enfrentar uma resistência do povo palestiniano, mas também de todos aqueles que, no mundo inteiro, incluindo em Israel, se solidarizam com a luta do povo palestiniano", afirmou.
Paulo Rangel termina hoje uma visita de dois dias a Israel e à Cisjordânia, na qual se reuniu em Jerusalém com o Presidente israelita, Isaac Herzog, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Sa'ar, e, hoje, em Ramallah, com o primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Mohammad Mustafa.
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