"Portugal não é um apêndice e não é um joguete nas mãos da NATO e da União Europeia. Portugal é um país soberano, com direito e com voz própria, para não se permitir levar pela voz dos outros. O papel de Portugal não é de submissão aos interesses da NATO e da União Europeia. É de submissão a todos aqueles que vivem e trabalham no nosso país", afirmou Paulo Raimundo, no jantar comício "Aumentar salários e pensões, para uma vida melhor", na Marinha Grande, distrito de Leiria.
O líder comunista salientou que o PCP não se "verga contra a política de direita", luta "por elevar as condições de vida" do povo e "combate uma política desgraçada, ao serviço dos grupos económicos e das multinacionais".
"Essa política à qual, neste momento, o Governo de turno do PSD e do CDS está encarregue de levar em prática. O capital quer, o Governo executa, o PS contribui, a Iniciativa Liberal e o Chega aplaudem. Todos diferentes, mas todos eles, de uma forma ou de outra, comprometidos, todos cúmplices, todos submissos às ordens do chefe", acusou.
Paulo Raimundo considerou ainda que a alteração à lei dos solos é mais uma "oportunidade de negócio para o capital", apontando que o Governo se preocupa em "salvaguardar os interesses da banca e em abrir espaço para os fundos imobiliários".
"É bom não esquecer que [lei dos solos] teve o voto do PSD, CDS, Chega e da Iniciativa Liberal e teve a ida a jogo do Partido Socialista. A lei dos solos, aquele caminho que se abriu para alimentar ainda mais a especulação, é a raiz do problema que também se enfrenta na habitação", reforçou.
Para o secretário-geral do PCP, "a questão não é saber se a família A ou B vai beneficiar, mas ter presente que há hoje milhares de famílias à rasca para aguentarem as suas prestações ao banco e que não aguentam as rendas que aumentaram este ano, mais do que há 30 anos a esta parte".
Paulo Raimundo criticou ainda o ministro das Infraestruturas que referiu "que o Governo não abdica de fazer tudo o que está ao seu alcance para que o IVA da construção baixe para 6%".
"Isto não é coragem. Coragem era fazer aquilo que o PCP propõe. Ponha-se o IVA dos 6 % onde ele faz falta: na eletricidade, no gás, nas telecomunicações. Isso sim correspondia, de facto, à grande maioria das nossas populações. Governar para a maioria implica que a Constituição da República Portuguesa seja uma realidade na vida de todos e de cada um", disse.
O líder do PCP voltou a defender que o acesso à reforma possa ser possível com 40 anos de trabalho e de descontos, sem qualquer penalização. "Não abdicamos desta reivindicação."
Tal como também insistiu que o Estado da Palestina seja reconhecido, censurando as declarações "inaceitáveis e inqualificáveis" do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, quando este referiu que queria transformar a Palestina numa Riviera.
"Não aceitamos, como não aceitamos que o Governo Português, depois de tudo isto, não tenha tomado ainda a decisão" e dito que reconhecia o Estado da Palestina. "Era esta a grande atitude que era necessário tomar. O Governo não só não fez isto, como decidiu que esta era a melhor altura para ir visitar oficialmente Israel. Tudo ao contrário do que merece o povo da Palestina", lamentou.
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