"A saúde na região precisa de uma reestruturação, precisamos de reestruturar o SRS, a começar pela questão da orgânica do Governo e juntando a área da saúde, com a área social, ou seja, uma Secretaria Regional da Saúde e dos Assuntos Sociais", defendeu o também líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo.
Depois de, na segunda-feira, ter indicado que o partido vai estudar a viabilidade da construção de uma linha de metro entre Funchal e Caniço, o candidato socialista visitou hoje o centro de saúde desta freguesia do concelho de Santa Cruz, contíguo ao Funchal a leste, e é uma das mais populosas de região.
Antes da visita, em declarações aos jornalistas, Paulo Cafôfo salientou a necessidade de "fazer da saúde uma prioridade na governação", uma área em que os governos regionais liderados pelo PSD "têm falhado".
"Hoje em dia, temos 321 pessoas internadas com alta, ou seja, as chamadas altas problemáticas. Isto significa que 40% das camas hospitalares de internamento do SRS estão ocupadas com pessoas cuja situação não é de saúde, é uma situação social, e não é porque as famílias as tenham abandonado, é porque não têm capacidade de ter estas pessoas em casa", afirmou o cabeça de lista socialista às regionais antecipadas de 23 de março, considerando que as "altas problemáticas impedem que o SRS melhore na sua eficiência, a começar pelas urgências".
Reportando que hoje nas urgências do Hospital Doutor Nélio Mendonça estão "66 pessoas nos corredores que não conseguem internamento nos respetivos serviços", Paulo Cafôfo defendeu a transformação dos hospitais dos Marmeleiros e Doutor João Almeida em estruturas residenciais para idosos, já que será uma forma de resolver um problema social.
Por outro lado, acrescentou, para melhorar o sistema de saúde é também necessário "robustecer e fortalecer os cuidados primários", pois "infelizmente a porta de entrada do SRS tem sido as urgências, porque as pessoas não têm outra hipótese, porque não têm dinheiro para ir a um privado, nem têm oportunidade de terem acesso a um médico de família".
Questionado se as parcerias público-privadas podem ser uma opção no setor da saúde, Paulo Cafôfo disse não preconizar essa solução, defendendo que primeiro é preciso "esgotar a capacidade do SRS, criar incentivos para médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, para os programas de recuperação de listas de espera terem eficácia".
"Só quando estiver esgotada essa capacidade do SRS, aí sim, de forma complementar, o Governo Regional tem de contratualizar de forma transparente (...) com os privados para que as pessoas não deixem de ficar sem tratamento. Privilegiar o público e só quando o público não tem capacidade, aí sim, recorrer de forma transparente e complementar ao privado", defendeu.
Interrogado ainda sobre a moção de confiança ao Governo social-democrata da República, que é hoje debatida, o candidato socialista remeteu a resposta para a situação regional, sublinhando que é preciso uma solução que garanta estabilidade.
"Num momento em que termos internacionais temos muita instabilidade, num momento em que termos nacionais temos também instabilidade instalada de uma forma desnecessária e criada por Luís Montenegro, o nosso primeiro-ministro, os madeirenses têm de optar agora na nossa região por uma opção governativa que dê estabilidade", disse, considerando que os socialistas são "os únicos" que podem garantir essa estabilidade.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) - e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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