O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considerou, na segunda-feira, que o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, não deverá manter as linhas vermelhas com o Chega, após as eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, caso seja possível formar uma maioria de Direita.
Num comentário na CNN Portugal, Adalberto Campos Fernandes começou por dizer que o Partido Socialista (PS) poderá evocar "o princípio da reciprocidade" caso vença as eleições, mas deixou dúvidas quanto ao 'não é não' do PSD para o Chega.
"É evidente que se o PS ganhar as eleições terá de ser chamado a formar governo. O principio da reciprocidade poderá ser evocado com toda a legitimidade", afirmou, lembrando que os socialistas viabilizaram o Governo da Aliança Democrática (AD).
"Naturalmente que essa reclamação será feita", frisou.
No entanto, o ex-responsável pela pasta da Saúde - entre 2015 e 2018 - apontou dúvidas quanto ao 'não é não' de Luís Montenegro ao partido liderado por André Ventura.
"Mas eu não diria, não diria, desta vez, que o 'não é não' do doutor Luís Montenegro vá aparecer com o vigor com que apareceu na eleição há um ano, até porque o próprio partido, seguramente, não lhe permitirá que, havendo uma maioria de Direita muito alargada, ele insista nesta ideia do 'não é não'. Vamos ter, seguramente, um pós 18 de maio bastante mais estimulante do que tivemos o 10 de março do ano passado", completou.
Recorde-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou, na passada quinta-feira, numa comunicação ao país, eleições legislativas antecipadas, que vão realizar-se a 18 de maio, na sequência da crise política que levou à queda do Governo da AD.
A Assembleia da República será oficialmente dissolvida a 19 de março, com efeitos a partir de dia 20.
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