"A moção de censura que apresentámos ao Governo Regional, por [causa de] Miguel Albuquerque, se fosse hoje, apresentávamo-la na mesma", disse, vincando que o Chega não cede nos seus princípios.
O Chega, que em 2024 elegeu quatro deputados ao parlamento regional, mas viu uma eleita desvincular-se do partido, baixou hoje a votação, obtendo três mandatos, com 5,47%, enquanto o PSD alcançou 43,43% dos votos e 23 lugares (mais quatro), falhando por um a maioria absoluta.
Miguel Castro, que foi o cabeça de lista, considerou, no entanto, que o partido não foi penalizado por ter apresentado a moção de censura ao Governo Regional minoritário do PSD, aprovada em 17 de dezembro do ano passado, situação que motivou a queda do executivo e a convocação de eleições antecipadas.
"O Chega não se pauta pelos assentos da Assembleia, o Chega pauta-se pelos princípios que defende e nós defendemos sempre que o Governo Regional da Madeira, os madeirenses, não podem ser representados por uma pessoa que está na condição judicial em que Miguel Albuquerque está [arguido]", explicou, realçando ter sido por isso que avançou com a moção de censura.
"Nada pessoal contra o cidadão Miguel Albuquerque, tudo contra o político Miguel Albuquerque", declarou.
Miguel Castro, que falava na sede do partido, no centro do Funchal, onde o ambiente era pouco festivo, saudou os "dois partidos vencedores da noite", nomeadamente o PSD e o JPP, que passou hoje para segunda força política na Madeira, ultrapassando o PS, ao eleger 11 deputados, mais dois, com 21,05% dos votos.
"Se os madeirenses assim entenderam, que preferem que seja o PSD a governar, que seja, mas que arranje os entendimentos com quem quiser e, obviamente, não será com o Chega", avisou, para logo reforçar: "O Chega será oposição a este Governo de Miguel Albuquerque".
Apesar do "resultado menos positivo", Miguel Castro assegurou que o partido "continua firme" e mantém um "grupo parlamentar forte".
"É para isso e é por isso e é pelos madeirenses, por aqueles que deram a confiança ao Chega, que vamos aqui estar", realçou.
O líder regional do partido disse não saber até que ponto um possível acordo entre o PSD e o CDS-PP, que elegeu apenas um deputado, poderá trazer estabilidade política à região e alertou para o facto de Miguel Albuquerque ser arguido num processo que investiga suspeitas de corrupção.
"Eu não sei o que há de acontecer. Eu acho que os partidos devem ter, acima de tudo, responsabilidade e se o partido mais votado, neste caso o PSD, acha que está em condições de formar Governo com Miguel Albuquerque, será Miguel Albuquerque que vai", disse.
Mas, na sua opinião, a "situação judicial" do líder social-democrata poderá constituir um entrave, conduzindo a região autónoma novamente a eleições antecipadas.
"O Chega sempre disse que não negociava com um governo liderado por Miguel Albuquerque", recordou, para logo acrescentar: "Se o PSD tem outras hipóteses de negociação, obviamente, se forem inteligentes, não vão negociar connosco. A não ser que seja o PSD que queira afastar este líder."
"O que nós defendemos é que não podemos compactuar com um governo liderado por Miguel Albuquerque, esse é um princípio do qual não vamos abdicar", reforçou.
O PSD venceu hoje as eleições legislativas regionais antecipadas da Madeira, com 43,43% dos votos, novamente sem maioria absoluta, elegendo 23 dos 47 deputados do parlamento do arquipélago.
De acordo com os resultados oficiais provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o JPP elegeu 11 deputados, o PS oito, o Chega três, o CDS-PP um e a IL também um deputado.
O PAN perdeu a sua única deputada, enquanto CDU (coligação PCP/PEV) e Bloco de Esquerda voltaram a não eleger.
[Notícia atualizada às 23h58]
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