"Nós falamos num contexto que é de autonomia e cabe obviamente àqueles que são os protagonistas na Madeira decidir o seu futuro. Sabemos, neste momento, que o Partido Social-Democrata não tem uma maioria absoluta. O deputado eleito do CDS assegurará essa estabilidade. De todo o modo caberá ao CDS/Madeira e, obviamente, ao PSD decidirem aquilo que há de ser o futuro na região", declarou Nuno Melo, na sede do CDS-PP de Vila Nova de Gaia (distrito do Porto), numa reação aos resultados.
O PSD venceu no domingo as eleições legislativas regionais antecipadas da Madeira, falhando por um deputado a maioria absoluta, de acordo com os dados oficiais provisórios, com todas as freguesias apuradas.
Os democratas-cristãos -- que já governaram com o PSD e na legislatura agora a terminar tiveram um entendimento parlamentar com os socialistas, insuficiente para a maioria absoluta -- elegeram um deputado, pelo que poderão permitir chegar aos 24 assentos necessários para garantir um executivo maioritário.
Nuno Melo iniciou o seu discurso a deixar uma "palavra muito especial de apreço e de gratidão ao CDS/Madeira e à equipa chefiada pelo José Manuel Rodrigues" (líder regional e cabeça de lista do partido, também presidente do parlamento do arquipélago) e parabenizou o PSD de Miguel Albuquerque.
"Gostava de sublinhar que estas eleições aconteceram num contexto muito difícil. Os madeirenses mostraram que querem estabilidade política. Penalizaram quem trouxe a crise [política] à Região Autónoma da Madeira e o CDS, apesar deste contexto dificílimo, manteve a sua representação parlamentar", afirmou.
Nuno Melo afirmou que o CDS é um "partido que vale por si, como vale em coligação".
"Foi um partido, nas últimas legislaturas na Madeira, que foi sempre um fator de estabilidade naquilo que tinha de ver com a governação, a pensar no interesse dos madeirenses e dos porto-santenses, e agora caberá também ao CDS fazer a reflexão que obviamente fará em relação ao futuro político", sublinhou.
O líder democrata-cristão reiterou ao longo do seu discurso que o CDS não causou a crise política e manteve a sua representação parlamentar (passou de dois assentos para um), ao "contrário de todos os outros que quiseram eleições antecipadas, que não era da vontade dos madeirenses, e pagaram caro nas urnas".
Segundo informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, os sociais-democratas obtiveram no domingo 43,43% dos votos e 23 lugares na Assembleia Legislativa Regional, constituída por um total de 47 deputados.
O CDS-PP conseguiu o seu deputado com 3,00% dos votos.
Após as eleições de 2024, o PS e o JPP, que totalizaram 20 deputados, chegaram então a propor uma solução de governo, sem sucesso.
Estas foram as terceiras legislativas realizadas na Madeira em cerca de um ano e meio, tendo concorrido um círculo único CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As anteriores regionais realizaram-se em 26 de maio de 2024, tendo o PSD conseguido eleger 19 deputados, o PS 11, o JPP nove, o Chega quatro (uma deputada tornou-se, entretanto, independente) e o CDS-PP dois. PAN e IL garantiram um assento cada.
A taxa de abstenção do sufrágio de domingo foi de 44,02%, inferior à de 46,60% registada no ano passado.
As eleições antecipadas ocorreram 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
[Notícia atualizada às 06h15]
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