"Acho que o 25 de Abril e o 1.º de Maio têm de ser grandes momentos de afirmação das exigências que se colocam na vida das pessoas. Abril está ligado à esperança que Abril abriu aos direitos, ao Serviço Nacional de Saúde [SNS], ao acesso à habitação, aos direitos do trabalho, ou seja, Abril é isso tudo", sustentou Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas após um almoço com apoiantes, em Loures.
O dirigente comunista, que falou num evento que celebra o 25 de Abril, apontou cinco pontos fundamentais para a Coligação Democrática Unitária (CDU) -- que reúne PCP e o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV): salários, pensões, creches, SNS e habitação.
Na sua intervenção, junto das cerca de 300 pessoas que participaram na iniciativa, Paulo Raimundo defendeu que o país precisa de dar prioridade ao SNS.
"Não é na baixa do IRC, não é nos benefícios fiscais, não é para os não-residentes, não é para a guerra. É para o Serviço Nacional que Saúde que importa, de uma vez por todas, investir com as condições todas necessárias para que cumpra o seu papel, esse papel que Abril consagrou na vida de todos nós", afirmou.
"Nós não precisamos de guerra. Abril acabou com a guerra. Abril consagrou um país da paz e da cooperação. Connosco, não há um cêntimo para a guerra: todo o dinheiro ao serviço do povo, dos nossos direitos. É isso que se exige", destacou.
Paulo Raimundo pediu que se façam os esforços para "abrir os caminhos de paz na Ucrânia" e a "paz e o fim do massacre e o fim do genocídio do povo da Palestina, de uma vez por todas".
O dirigente comunista sublinhou que Portugal não precisa de prestar "vassalagem aos Estados Unido" ou de "submissão aos interesses das grandes potências da União Europeia". "O que o país precisa é de produzir mais: temos condições, temos meios, temos gente", vincou.
Questionado sobre o arquivamento do processo sobre os rendimentos do líder do PSD e primeiro-ministro do Governo demissionário, Luís Montenegro, Raimundo disse que não lhe cabe comentar os trâmites legais, mas voltou a defender que este deveria ter-se demitido.
"Face ao facto de ter sido avençado durante meses, meses e meses, enquanto primeiro-ministro deveria ter tido uma atitude digna, democrática e de contributo para a democracia: que era demitir-se", sublinhou.
O Ministério Público considerou que o líder social-democrata esclareceu todas as dúvidas relativas à sua declaração de rendimentos e arquivou o processo que corria junto do Tribunal Constitucional.
A informação consta de um comunicado divulgado no sábado pelo PSD, que anexa o despacho de arquivamento, após notícias veiculadas por vários órgãos de comunicação social de que o primeiro-ministro não teria esclarecido todas as dúvidas dos magistrados relativamente às suas contas bancárias e que o processo continuaria em aberto.
No entender de Paulo Raimundo, por não se ter demitido, "o seu princípio ético ficou ferido e vai ficar ferido", mas salvou "a política e os compromissos que tem com os grupos económicos".
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