Pedro Nuno Santos esteve hoje reunido com o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, e, no final, falaram aos jornalistas sobre as visões económicas que os unem e os aspetos que os separam, desde logo na descida do IRC.
"Ninguém conseguiu ver em Luís Montenegro, nem no seu discurso, nem na sua ambição, nem na sua energia, nenhuma vontade concreta, nenhuma visão para transformar a economia portuguesa. E essa é a nossa maior preocupação", disse o líder do PS.
Para Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro "tem só uma solução" e acha que "há uma bala de prata que se chama IRC".
"E tem uma visão errada, para nós, sobre a política de IRC, porque prefere fazer um corte transversal e sem critério do IRC para todas as empresas, independentemente do destino que é dado aos lucros", criticou.
A opção do PS quanto ao IRC é diferente e os socialistas querem "privilegiar, do ponto de vista fiscal, as empresas que dão o destino correto aos seus lucros", referiu.
"E só há verdadeiramente transformação da nossa economia se as nossas empresas usarem os seus lucros para reinvestirem, seja no aumento da capacidade de produção, seja na investigação, seja no desenvolvimento, ou até na capitalização da própria empresa", justificou.
O líder do PS estabeleceu como prioridade conseguir "iniciar um processo de transformação da economia portuguesa", mobilizando empresários e associações para a construção de "uma estratégia que permita a Portugal ter uma economia avançada".
Antes de Pedro Nuno Santos falar aos jornalistas tinha sido a vez de Armindo Monteiro que, partiu do exemplo da Alemanha, em que "dois partidos que são habitualmente alternam na governação e não hesitaram" em fazer uma coligação para um Governo.
"A palavra bloco central está tão crivada de energias negativas quase como a palavra lucro. Não se pode falar em Portugal determinadas palavras. E o bloco central parece que também tem esse estigma", disse, quando questionado se estava a defender um bloco central no pós-eleições.
O presidente da CIP disse não acreditar que os "dois partidos que representam no conjunto a maioria dos portugueses" não consigam encontrar "uma solução para o país".
"Portanto, aquilo que se chama um bloco central, que é uma convergência dos dois principais partidos, enquanto cidadão e enquanto líder de uma organização empresarial, não vejo porque é que uma solução onde votaram, porventura, ou votarão 70 % dos eleitores, não vejo que não possa ser uma solução governativa", defendeu.
Questionado sobre esta ideia, o líder do PS referiu que "o PS e o PSD são dois partidos diferentes", o que "é bom que assim seja".
"Isso não quer dizer que em matérias essenciais do Estado e do país não haja entendimentos", disse.
Pedro Nuno aproveitou este momento para referir que, no último ano, o PS mostrou que estava "à altura do interesse nacional" e viabilizou o Orçamento de Estado do PSD/CDS.
"Nós demos todas as condições de governabilidade à AD. É por isso que nós, Partido Socialista, temos a autoridade moral - não é só o Partido Socialista, acho que os portugueses - para exigir o mesmo do PSD perante uma vitória do Partido Socialista nas próximas eleições legislativas", insistiu, uma ideia que tem defendido em diversas situações.
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