“Na minha concepção de organização democrática, a democracia deve ser como a economia de mercado, em que há a mais alta competitividade. Onde não há competitividade, vem alguma coisa que não presta, o comportamento não é estimulado, a ação não é estimulada”, explicou esta noite Henrique Medina Carreira, no seu espaço de opinião da TVI 24.
O antigo ministro das Finanças fez-se acompanhar pelo sociólogo António Barreto, para fazer uma análise do sistema político português.
“O nosso sistema é um sistema que está a caminho de um bloqueamento total”, adiantou Medina Carreira, acrescentando que “o nosso país não liga nada, nem respeita minimamente o Parlamento”.
António Barreto, por seu turno, apontou para o fenómeno da chegada da televisão à discussão política. “A televisão piorou os parlamentos maus. As pessoas estão aos gritos porque estão a falar para a televisão”, referiu, apontando como exemplo o parlamento inglês.
Quando questionado sobre se a retirada da televisão melhoraria o debate político, António Barreta afirma que “há coisas que quando avançam, não voltam para trás”.
“Se eu pudesse corrigir alguma coisa… A televisão deveria ter certo acesso limitado. Não iria à comissões por exemplo, e no plenário tinha que se ver. Mas há coisas que já não voltam para trás”, indicou o cronista social.
Medina Carreira disse ainda que, de acordo com a sua noção “muito desqualificada de ação parlamentar”, as pessoas já não defendem as suas ideias.
“Eu ouço aquela gente e acho que se eu trocasse os deputados do Bloco de Esquerda pelo CDS e os deputados do CDS pelos do Bloco de Esquerda, assumiam a posição do lugar e não a posição da ideia. Aquilo é 90% forjado. PS e PSD é a mesma coisa, depende do sítio onde estão sentados”, rematou.
