Numa declaração política no Parlamento, a deputada social-democrata Francisca Almeida enalteceu o que disse serem os méritos do Governo, mas também dos portugueses, pela sua "galhardia e coragem" perante a crise.
A deputada do PSD disse que, com a execução do memorando, o Governo "conseguiu capital de confiança e de credibilidade junto dos credores e dos mercados" e que isso criou "condições de equacionar junto dos nossos parceiros uma extensão da maturidade dos empréstimos e a flexibilização das metas do défice".
"Ninguém negará que estamos hoje mais perto de resgatar a nossa soberania financeira e de colocar o nosso País em condições de voltar a crescer e voltar a criar emprego", declarou, apontando como "evidência disso" o facto de a agência de notação financeira Standard & Poors ter retirado "o 'outlook' negativo da dívida portuguesa".
Francisca Almeida visou depois o PS, com críticas ao pacote de medidas apresentado recentemente pelo líder socialista, António José Seguro, num debate em que defendeu uma outra trajectória para a consolidação.
"Sob tão auspicioso epíteto, não se aguardava menos que um programa, uma estratégia, um verdadeiro plano alternativo, mas cedo se percebeu que o que o PS trazia era uma mão cheia de nada. Um pacote de medidas de natureza avulsa, dispersa", afirmou.
A deputada do PSD considerou depois que as posições dos socialistas sobre questões essenciais não são conhecidas dos portugueses, acusando o PS de querer "passar entre os pingos da chuva, entre o populismo e a demagogia".
"Não quer poupar na despesa, mas não apresenta alternativa, o que são para o PS poupanças razoáveis na despesa? Não sabemos. Porventura entenderá o PS que não são necessárias poupanças permanentes na despesa? Não sabemos", disse.
Na resposta, o vice-presidente da bancada do PS José Junqueiro defendeu que "Portugal hoje está pior e não está melhor desde que o Governo entrou em funções" e lembrou que "o ministro das Finanças em todas as previsões que fez até ao dia de hoje nunca acertou numa única".
"O desemprego bateu no máximo, a recessão bateu no máximo, a economia desapareceu e bateu no mínimo, estes são os dados concretos que se sobrepõem ao seu discurso", afirmou.
Junqueiro disse ainda que o Governo fala a duas vozes no que respeita à relação com o PS: "O ministro das Finanças e o ministro Paulo Portas deram bom acolhimento às propostas do PS (...) Como é que explica então esta vozearia dentro do Governo?".
Da bancada do PCP, o deputado João Oliveira insistiu que com a receita do Governo o País vai "acabar mais arruinado, endividado e dependente do estrangeiro".
O comunista defendeu que é preciso "rejeitar o pagamento de uma componente ilegítima da dívida, aumentar fontes de financiamento do Estado" e anular as PPP.
Já pelo CDS-PP, Cecília Meireles manifestou "perplexidade" perante as intervenções da oposição.
A centrista lembrou que o PS governou "13 dos últimos 15 anos" e que "não foi este Governo que pediu a intervenção da troika": "Se o problema é a troika porque é que chamaram a troika?"