"Portugal é razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir"

Marcelo Rebelo de Sousa toma posse como Presidente da República portuguesa.

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Goreti Pera com Lusa
09/03/2016 10:38 ‧ 09/03/2016 por Goreti Pera com Lusa

Política

Marcelo

O primeiro pensamento e discurso do novo Presidente da República foram dirigidos “com afeto” a todos os portugueses.

“Portugal é a razão de ser do compromisso solene que acabo de assumir”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia de tomada de posse, em que destacou a língua portuguesa e a honra de viver no país onde os pais o educaram e onde educou também os seus filhos.

Amor à terra, saudade, doçura no falar e heroísmo nos instantes decisivos foram algumas das características atribuídas ao povo português pelo novo chefe de Estado, que fez uma menção a Filipe VI e cumprimentou com apreço os convidados que vieram de outros Estados.

Com uma palavra de “gratidão”, Marcelo Rebelo de Sousa despediu-se de Cavaco Silva, o ex-Presidente e quem atribui uma “longa e singular carreira de serviço à pátria, que largamente definiu o Portugal que temos”.

No seu primeiro discurso como Presidente, o professor recordou os “tempos inesquecíveis” em que, enquanto jovem constituinte, juntou a voz e o voto a quem somou anos e décadas de luta para o combate do momento: a elaboração da Constituição da República Portuguesa.

Aprovada no meio de uma revolução e promulgada há quase 40 anos, é precisamente a Constituição que jura respeitar e à qual se refere como “o nosso denominador comum”. “Defendê-la, cumpri-la e fazê-la cumprir é o dever do Presidente da República”, destacou, responsabilizando-se acrescidamente por ter assumido o papel de professor de Direito ao longo de vários anos.

Após referências à pobreza e à desigualdade, que lhe valeram palmas na ala do Bloco de Esquerda, Marcelo Rebelo de Sousa apelou à defesa dos direitos dos portugueses e à valorização das raízes de Portugal.

No seu discurso, não esqueceu a “firme vontade de participarmos na unidade europeia”, os “tempos difíceis a superar que temos pela frente”, a fidelidade aos “compromissos a que soberanamente nos associámos” e os “desafios dos refugiados na Europa”.

É preciso sair da crise e superar desafios

"É no quadro desta Constituição - que, como toda a obra humana, não é intocável, mas que exige para reponderação consensos alargados, que unam em vez de dividir - que temos, pela frente, tempos e desafios difíceis a superar", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso na cerimónia em que tomou posse como Presidente da República, que decorreu no Parlamento.

Lançando alguns reptos que reconheceu serem "difíceis, complexos" e "envoltos em incógnitas", o Presidente da República defendeu a necessidade de sair do clima de crise e do país ir "mais longe com realismo mas visão de futuro", na capacidade e na qualidade da Educação e Ciência, da Saúde, da Segurança Social, da Justiça e da Administração Pública e do próprio sistema político e "sua moralização e credibilização constantes, nomeadamente pelo combate à corrupção, ao clientelismo, ao nepotismo".

Um Presidente de "todos sem exceção"

O novo chefe de Estado prometeu hoje que será o Presidente de "todos sem exceção", do princípio ao fim do mandato, sem querer ser mais do que a Constituição permite ou aceitar menos do que a Lei Fundamental impõe.

"Um Presidente que não é nem a favor nem contra ninguém. Assim será politicamente, do princípio ao fim do seu mandato", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso na cerimónia em que tomou posse como Presidente da República, que decorreu na Assembleia da República, e que foi aplaudido no final pelas bancadas de PSD, PS e CDS de pé. O deputado único do PAN aplaudiu sentado, enquanto as bancadas do PCP, BE e PEV não aplaudiram o discurso do novo Presidente da República.

Marcelo acrescentou que será socialmente a favor do jovem que quer exercitar as suas qualificações e procura emprego, da mulher que espera ver mais reconhecido o seu papel num mundo ainda tão desigual, do pensionista ou reformado que sonhou com um 25 de Abril que não corresponde ao seu atual horizonte de vida, do cientista à procura de incentivos sempre adiados ou do agricultor, comerciante e industrial, que, dia a dia, sobrevive ao mundo de obstáculos que o rodeiam.

[Notícia atualizada às 11h02]

 

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