Numa intervenção num almoço do International Club of Portugal, em Lisboa, no qual foi o orador-convidado, Luís Montenegro defendeu que, apesar de nas legislativas em Portugal se votar para eleger deputados, "escolher em eleições legislativas significa escolher um caminho", privilegiar a escolha que o povo fez num líder ou numa liderança, e assegurou não estar "a olhar para trás", para as eleições de 2015, mas a apontar ideias para futuros atos eleitorais.
Por isso, desafiou os partidos de esquerda a ponderarem um sistema eleitoral como o da Grécia, em que o partido vencedor obtém um 'bónus' de 50 deputados, permitindo mais facilmente obter maiorias absolutas.
"Assim como BE, PS e PCP enalteceram o pulsar do povo grego podíamos aplicar no nosso país essa mesma visão: a visão de que o sistema político é instrumental para concretizar a visão política do povo, tem de respeitar a decisão que o povo tomou", defendeu, dizendo que defende esta ideia a título pessoal.
Já na fase de perguntas dos oradores, Montenegro disse estar consciente das dificuldades de implementar uma proposta como esta - que exigiria uma revisão constitucional, logo um acordo com o PS - e rejeitou que tal modelo pudesse afastar as coligações eleitorais, já que estas seriam feitas "na base não de um arranjo" mas de "um sinal inequívoco que o povo dá".
"Não quero ajustar contas com o que se passou em 2015, mas que os partidos digam se concordam com isto ou não", desafiou.
Luís Montenegro apresentou também as suas ideias no domínio da fiscalidade, defendendo a redução das atuais três taxas do IVA para apenas duas: uma reduzida para "bens essencialíssimos" e outra geral, "mais baixa 6 ou 7 pontos" do que a atual taxa máxima (23%).
"Nós não aguentamos pagar mais impostos, nós pessoas, nós empresas, limita a nossa capacidade de crescimento a todos os níveis", afirmou, classificando a atual fiscalidade em Portugal como "uma espada mortal".
Na sua intervenção, sobre o tema "Alma portuguesa, espírito Europeu - o futuro de Portugal no contexto da Europa", o líder parlamentar do PSD defendeu que a relação com a União Europeia "tem de ser atualizada", para que metas económico-financeiras como as do défice ou dívida não sejam vistas como imposições exteriores mas como objetivos nacionais para que o país possa produzir mais riqueza.
"Como podemos alicerçar um país que dá felicidade ao seu povo. Essa é a pergunta que devemos fazer e resposta que devemos procurar", afirmou.
Dizendo "não ser um perigoso liberal", Luís Montenegro defendeu que o setor estatal não pode ser visto como oposto aos setores privado e social, considerando que os portugueses se preocupam mais em saber se o serviço é eficiente do com quem o presta.
"Se no Estado um serviço pior custa x e estamos dispostos a pagá-lo, porque é que não pagamos o mesmo serviço com menos custo e melhor qualidade?", afirmou, defendendo que este princípio se pode aplicar "sem preconceitos" a áreas como os transportes, a saúde ou a educação.
Em resposta a uma pergunta da plateia sobre a influência da maçonaria na política, Luís Montenegro disse não sentir incómodo em abordar o tema mas assegurou que nunca sentiu "que uma decisão política fosse adulterada com base nesse tipo de interesse".
Foram muitas as presenças de destacadas figuras políticas do PSD presentes no almoço: na mesa de honra, do orador, ficaram sentados o antigo número dois de Passos Coelho, Miguel Relvas, o vice-presidente Marco António Costa, o presidente da distrital de Lisboa, Miguel Pinto Luz, além do empresário e ex-presidente do Sporting Sousa Cintra e o embaixador da China.
No almoço, para cerca de 200 pessoas, estiveram presentes pelo menos seis dos 11 vice-presidentes da bancada - Hugo Soares, Carlos Abreu Amorim, Amadeu Albergaria, Luís Leite Ramos, Berta Cabral e Nuno Serra - bem como vários deputados, líderes de distritais (além de Lisboa, pelo menos também do Porto, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Viseu e Viana do Castelo) e o presidente da Câmara de Espinho, Pinto Moreira.
Antigas figuras destacadas do PSD, como Guilherme Silva, ou o ex-ministro de Cavaco Silva Mira Amaral também marcaram presença, bem como ex-chefes de Casa Civil do anterior Presidente da República, Nunes Liberato e Fernando Lima.
Dias Ferreira, irmão da anterior presidente do PSD Manuela Ferreira Leite, António Ramalho, presidente do Novo Banco, Luís Filipe Pereira, antigo ministro de Durão Barroso, António Preto, ex-deputado e ex-líder da distrital de Lisboa do PSD, foram outras personalidades presentes.
O antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, que já admitiu disputar a liderança do PSD, será o convidado do International Club a 13 de julho.