Em declarações aos jornalistas após a sessão solene comemorativa do 51.º aniversário da Revolução dos Cravos e do cinquentenário das primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, considerou ser dia de "realçar a permanente atualidade e urgência de comemorar" o 25 de Abril", cujos valores são os da "democracia, liberdade, igualdade, mas também a solidariedade, a paz e a tolerância".
"Tudo isto valores que o Papa Francisco defendeu de forma tão vocal e tão importante. É por isso é que hoje, e apesar do seu falecimento, é importante comemorar, festejar estes valores que são intemporais", enfatizou.
A também candidata do PS à Câmara de Lisboa referiu que hoje se comemoram também os "50 anos das primeiras eleições livres e iguais" e "em que todos puderam votar".
Alexandra Leitão recusou que esta data passe sem "a devida comemoração" e convidou todos a juntarem-se ao desfile popular da Avenida da Liberdade.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou que a ideia transversal a quase todas as intervenções na sessão solene foi de que "não há nenhuma incompatibilidade em respeitar o Papa e a sua mensagem e celebrar a liberdade e a democracia".
"Pelo contrário, as duas mensagens encontram-se. É isso que retenho do discurso do Presidente da República e é isso que o país retém quando mostrou ao Governo que fez mal em desvalorizar o 25 de Abril e ao cancelar as celebrações do Governo", defendeu, insistindo que esta data "não se adia".
Mortágua salientou ainda a importância de evocar "a grande ideia de Abril, que é a ideia de igualdade", num cenário internacional marcado pelo "genocídio em Gaza", a guerra na Ucrânia, a "escalada armamentista e militar" e o "discurso de ódio e divisão".
"Tenho a certeza de que essa também é a principal mensagem com que ficamos do Papa Francisco", completou.
Pelo Livre, o porta-voz Rui Tavares também destacou que as várias menções ao Papa Francisco na sessão solene "foram muito sentidas", nomeadamente "por parte de quem sabe que ele teve um papel como líder moral, espiritual mas também cívico no plano da igualdade social, da inclusão e na celebração da liberdade".
"Não tenho medo de errar ou exagerar quando digo que certamente o Papa Francisco gostaria muito de ver que a celebração da liberdade no nosso país se junta sem nenhuma contradição com a consternação sobre a sua partida", considerou.
Tavares criticou ainda a direita por "não perceber que celebrar a liberdade não é começar pelo revanchismo, nem pelo desfiar de ressentimentos ou rancores passados", e a extrema-direita, numa referência ao Chega, por adotar sempre um discurso de "atacar o 25 de Abril".
"Faz isso todos os anos mas devo dizer que já cansa muito. Citando Paulo Raimundo do PCP, agora o discurso do doutor «nheca nheca» sobre o 25 de Abril é um discurso que as pessoas já desconsideram porque não tem nenhum valor, nem político, nem cívico, nem identitário", acusou.
Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu que o 25 de abril "abriu um caminho de esperança, de conquistas e valores", que se traduziu em questões como a criação do Serviço Nacional de Saúde, um salário mínimo nacional ou mais direitos para os trabalhadores.
"É esse caminho que, 51 anos depois da Revolução, é necessário retomar para responder às necessidades da maioria e, de uma vez por todas, acabar com este retrocesso de uma política que, em nome de uma maioria, está sempre ao serviço de uma minoria", disse.
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