"Falarei de Francisco e do que pode ter a ver com o 25 de Abril"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou hoje a vida e obra do Papa Francisco, "sem recusas, sem ódios", e defendeu que a sua mensagem tem tudo a ver com os valores do 25 de Abril de 1974.

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Lusa
25/04/2025 12:43 ‧ há 7 horas por Lusa

Política

25 de Abril

O chefe de Estado discursava na sessão solene comemorativa do 51.º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República, em dia de luto nacional pela morte do Papa Francisco.

 

"Falarei, pois, de Francisco e do que a sua vida e obra pode ter a ver com o que significou e pode significar o 25 de Abril", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no início da sua décima e última intervenção como Presidente nesta data histórica.

Comparando a conjuntura global atual com o contexto em que ocorreu o 25 de Abril, há meio século, interrogou: "Como não deparar nas palavras de Francisco com a defesa desses valores estropiados há 50 anos?".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, os "apelos de Francisco, durante doze anos e até há cinco dias" estão relacionados com "alguns dos mesmos dramas, ou outros iguais ou maiores, tornando ainda mais urgentes a paz, a justiça, a luta contra a pobreza".

Na parte final do seu discurso, o Presidente da República perguntou "o que têm a ver os factos, os problemas e o modo de Francisco de com eles lidar, ou seja, o espírito e o espírito vivido, o que é que tem a ver com o 25 de Abril", e deu a resposta.

"Tudo, tudo: dignidade humana, paz, justiça, liberdade, igualdade, solidariedade, fraternidade, abertura, inclusão, serviço dos outros, preferência pelos ignorados, omitidos e silenciados", defendeu.

No início da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa saudou o antigo Presidente da República António Ramalho Eanes: "Bem haja, por mais uma presença nesta sessão, que só foi possível largamente devido ao seu contributo a Portugal".

Dirigindo-se aos capitães de Abril, disse-lhes: "Sem vós não estávamos aqui hoje, bem hajam".

"Senhores deputados da Assembleia Constituinte, sem vós também aqui não estaríamos no dia de hoje, a celebrar as eleições e a Constituição", acrescentou o chefe de Estado -- também ele antigo deputado constituinte, eleito pelo PSD.

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que hoje é dia de "homenagem aos constituintes de 1975", eleitos há 50 anos, "recordando a sua histórica eleição, mas também o seu trabalho e a sua coragem".

"Motivo de orgulho e saudade, para nós que vivemos o primeiro voto universal em mais de oito séculos e meio de nacionalidade, e depois o trabalho de cerca de um ano insano neste início", completou.

O Presidente da República realçou, por outro lado, que esta sessão decorreu "com a Assembleia dissolvida", o que no seu entender é "sinal de continuidade e estabilidade democrática em Portugal".

Quanto ao luto nacional decretado pelo Governo para entre quinta-feira e sábado pela morte do Papa Francisco, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que se trata do "chefe de Estado sucessor de quem primeiro reconheceu a independência de Portugal e supremo líder de uma igreja com o maior número de fiéis da nossa pátria".

O chefe de Estado comparou o Papa Francisco a "um quase parente" para muita gente, "como que avô, pai, irmão mais velho, amigo indefetível, camarada de percurso, ultrapassando a mera invocação de valores aos princípios para os encarnar", porque foi alguém que conheceu "as ruas da humanidade, percorridas com os seus sapatos cambados, em Buenos Aires, como em África, na Ásia Pacífico, nas Américas, na Europa".

Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o modo como o Papa dedicava atenção a cada pessoa, "sem recusas, sem ódios, sem limites, sem intolerâncias, sem fronteiras entre os puros e os impuros, os bons e os maus, na inspiração bíblica que diz: na casa de meu Pai há muitas moradas".

"Este modo de desapego pessoal e devoção total faz lembrar a madrugada que eu esperava, o dia inicial, inteiro e limpo de que falava Sophia de Mello Breyner ao descrever Abril", considerou.

[Notícia atualizada às 13h48]

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