“O que está a acontecer na Autoeuropa vai além de tudo o que se pode considerar normal”, começa por referir Ascenso Simões, num texto de opinião publicado esta quinta-feira no site Ação Socialista.
Reconhecendo que sempre existiram tensões entre Comissão de Trabalhadores e Administração naquela empresa, o socialista refere, no entanto, que regressou “uma velha característica que havia ficado no século passado – primeiro os sindicatos vermelhos roubam a Comissão de Trabalhadores e, depois, atacam a empresa”.
“As reivindicações que se conhecem indicavam uma só questão – o trabalho ao fim de semana com um pagamento de horas em 200%. Os sindicatos não aceitam esta proposta”, escreve. Mas há uma importante consagração que poucos conhecem – os sindicatos aceitam a contratação de precários para cumprirem as horas dos efetivos”, acrescentou.
No entender de Ascenso Simões, “são os próprios sindicatos a aceitarem, a proporem, a precariedade desde que não estejam em causa os ‘oficiais’ sindicalistas e seus amigos”.
Recordando também o pedido de um aumento salarial de mais de 6%, “o que estamos a ver é, nitidamente, uma espiral reivindicativa que põe em causa a imagem da empresa, a qualidade da produção e, obrigatoriamente, o seu futuro”.
“Estamos perante uma situação gravíssima, uma atitude que importa travar se não regressar o espírito de negociação. E se os sindicatos continuarem a travar a empresa e a por em causa o futuro deve o governo determinar, as vezes que forem necessárias, a requisição civil”, termina o socialista.