"Marcelo não pode ser o que quer quando lhe apetece ou dá jeito"

Na opinião de Joaquim Jorge, o Presidente da República tem de descobrir o poder que contém o silêncio. É tempo de dar o silêncio como resposta”.

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© Joaquim Jorge

Filipa Matias Pereira
02/04/2018 11:50 ‧ 02/04/2018 por Filipa Matias Pereira

Política

Joaquim Jorge

"Votei Marcelo Rebelo de Sousa, mas não votei para que o Presidente da República fale todos os dias”. É deste modo que Joaquim Jorge começa por se expressar num texto de opinião enviado à redação do Notícias ao Minuto.

Para o fundador do Clube dos Pensadores, “o uso e abuso do dom da palavra pode chegar a um momento em que ninguém ligue ao que se diz. Isso é grave!”

Quando o Presidente da República tomou posse, recorda, “conseguiu esvaziar a crispação que existia na sociedade portuguesa, fruto de um acordo à Esquerda e da escolha de um primeiro-ministro que foi o segundo votado em eleições”. Essa fase, considera Joaquim Jorge, “está ultrapassada e foi possível governar de outra forma”. Além disso, “o défice foi reduzido”.

Porém, no entendimento do comentador, torna-se imperioso “exercer um magistério de influência e não tentar substituir-se ao Governo ou à oposição”. Marcelo Rebelo de Sousa, acrescenta, “é crucial para a estabilidade política com a sua persuasão, capacidade de gerir tensões e dissensos, abrindo caminho para o diálogo”.

Em relação às conclusões dos relatórios de Tancos e aos incêndios, Marcelo “deveria ter sido mais acutilante em relação ao Governo, mas teve apenas uma intervenção meramente circunstancial. As culpas não podem morrer solteiras”, alega.

Há momentos, todavia, em que o chefe de Estado “deveria ser mais incisivo e contundente e nada diz”, indica o biólogo, referindo-se ao “caso da poluição do Tejo, em que o tribunal substituiu a multa aplicada à Celtejo por repreensão escrita”.

O Presidente da República deve, ainda, “respeitar a separação de poderes, mas a partir da decisão pode emitir a sua opinião sem ser acusado de ter interferido. Aliás, não tomou a defesa de Arlindo Marques, guardião do Tejo, na dificuldade em que este teve em defender-se do processo instaurado pela Celtejo. A Poluição do Tejo não foi obra e graça do Espírito Santo”.

Por outro lado, acrescenta, “não fica bem a Marcelo Rebelo de Sousa tentar interferir no seu partido, o PSD”.

Joaquim Jorge acredita que “Marcelo não pode ser o que quer quando lhe apetece ou dá jeito. Tem de ter um fio de rumo, não interferir nos partidos já existe acima deles. E isso tem acontecido ao deixar transparecer o seu estado de alma e ao afirmar que não acredita que Rui Rio ganhe a António Costa”.

O biólogo acrescenta ainda que “Marcelo tem de ter cuidado porque pode pensar que dá a volta a António Costa e este já mostrou ser exímio no saber esperar e mudar o rumo dos acontecimentos. Pode muito bem acontecer que António Costa dê a volta a Marcelo ao ter uma maioria absoluta e reduzir Marcelo a mero espetador sem subir ao palco que ele tanto gosta. Marcelo tem de descobrir o poder que contém o silêncio. É tempo de dar o silêncio como resposta”.

 

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