"Anuncia o ministro das Finanças que não há condições para dar aumentos aos funcionários públicos. A pergunta que eu faço é esta: se nós temos uma economia tão pujante, se ele consegue resultados orçamentais tão fantásticos, então isto é tudo tão fantástico e não consegue fazer aquilo que ele mais deseja fazer?", questionou Rui Rio.
Para Rui Rio, "esta é que é a questão de fundo".
"E isto, como o nosso povo costuma dizer, é gato escondido com rabo de fora. Ou seja: não há milagre nenhum nem a situação é tão fantástica como eles [governo] vendem, porque, na hora da verdade, não conseguem fazer aquilo que provava, efetivamente, que nós tínhamos esse tal milagre e essas tais condições económicas fantásticas", acrescentou.
O líder do PSD, que falava a cerca de 250 apoiantes na cerimónia de tomada de posse dos órgãos distritais do PSD e da JSD de Setúbal, que decorreu numa coletividade do Barreiro, retomou algumas das prioridades anunciadas pela nova direção do partido, com destaque para a reforma da Justiça.
Rui Rio reafirmou também a ideia de que os portugueses "têm o direito de saber quem são as empresas e pessoas que ficaram a dever milhões de euros à banca".
"Eu acho sinceramente que o povo tem o direito de saber. Acho que não precisamos de puxar muito pela cabeça para ter uma noção, mais ou menos, de quem são esses grandes devedores. Em termos democráticos e de transparência, nós tínhamos o direito de saber exatamente quem é que ficou a dever essas verbas", disse, depois de lembrar que são os portugueses que estão a pagar essas dívidas.
"Uma coisa é estarmos disponíveis para servir Portugal e fazer os acordos que devemos fazer em nome de Portugal. Outra coisa é, também em nome de Portugal, apontarmos os erros de governação dos outros que estão condicionar o desenvolvimento do país. É para isso que existe oposição", defendeu.
Rui Rio lembrou também os acordos que o PSD vai assinar com o executivo sobre os fundos comunitários, "para que o governo chegue a Bruxelas com uma negocial posição mais forte, para que Portugal possa vir a receber mais verbas", e o acordo de descentralização, "para que o país passe a ter uma real estratégia de descentralização, com a transferência de competências e meios financeiros para os municípios".