O presidente da autarquia nova-iorquina, o democrata Bill de Blasio, afirmou hoje que o Departamento da Educação municipal deixou de trabalhar com a Zoom, depois de esta "não cooperar" na procura de soluções para aqueles problemas.
"Não vamos colocar a privacidade e os dados dos nossos estudantes em risco. É tão simples quanto isso", disse De Blasio, durante uma conferência de imprensa.
"Teríamos todo o gosto em usar essa ferramenta, mas só o podemos fazer de forma segura", insistiu o autarca.
Por enquanto, o Departamento de Educação prevê passar a utilizar o Microsoft Teams para as aulas virtuais.
O sistema de educação público de Nova Iorque é o maior dos EUA e conta mais de um milhão de alunos, que se encontram a estudar de forma remota devido ao encerramento das escolas, decretado para travar a expansão do novo coronavirus.
A Zoom viu a sua popularidade disparar nas últimas semanas, perante as restrições impostas em todo o mundo para combater a pandemia, que multiplicaram o recurso ao teletrabalho e o ensino à distância.
Mas, ao mesmo tempo, cada vez mais pessoas têm denunciado os problemas de segurança e privacidade da aplicação, especialmente a possibilidade de internautas, que não tenham sido convidados para a sessão, apareçam de surpresa nas teleconferências, um fenómeno designado 'zoombombing'.
A polícia federal (FBI, na sigla em inglês) já alertou que o aumento das conferências digitais, em consequência da pandemia do novo coronavirus, foi acompanhado de outro fenómeno, a saber, a irrupção não desejada de piratas informáticos nestes encontros em linha.
Os piratas conseguem aceder sem autorização a reuniões digitais de empresas, instituições de ensino e inclusive departamentos governamentais.
Além de violarem a privacidade dos participantes e acederem à informação que está a ser tratada, em alguns casos interrompem as reuniões com linguagem obscena e ameaças.
O FBI deu exemplos concretos ocorridos nos últimos dias, na zona de Boston e relativos ao mundo da educação, no qual praticamente todas as aulas foram suspensas nos EUA e substituídas, em muitos casos, por lições em linha.
Em um dos casos, o professor estava a dar a aula quando uma pessoa se juntou, sem ter sido convidada, proferiu um insulto e anunciou, aos gritos, a residência do professor.
Um segundo caso, outra pessoa juntou-se a uma classe digital e mostrou tatuagens de simbologia nazi.
Na quinta-feira soube-se também que um homem conseguiu aceder a uma turma, que estava a aulas por videoconferência no centro do estado da Florida, e exibiu as suas partes íntimas aos alunos.