"Existe a suspeita de que iremos assistir a um aumento dos ciberataques dirigidos a países da União Europeia e outros países pertencentes à NATO", afirma o líder da equipa de 'threat intelligence' na S21sec Portugal, Hugo Gomes, em comunicado.
"Acreditamos que essas ações poderão não ser abertamente comunicadas pela Rússia, pois isso poderia levar a uma escalada nas reações e despoletar um conflito mundial" e, "para já, a maioria dos esforços centram-se na Ucrânia, mas com o passar do tempo poderemos vir a assistir a alguns cenários, com a ressalva que se tratam de possibilidades", prossegue o responsável.
Entre esses cenários estão a "utilização de táticas ofensivas cibernéticas que permitam a retaliação sobre os mesmos setores em que a Rússia está a ser alvo de sanções internacionais; patrocínio camuflado de ciberataques, por parte da Rússia, a organizações e empresas de países da União Europeia, Canadá ou Estados Unidos da América através de grupos de cibercriminosos (como os grupos de 'ransomware' ou milícias digitais); ciberataques coordenados pelas agências de inteligência FSB ou GRU incidindo em infraestruturas críticas de países próximos à Ucrânia", explica Hugo Nunes.
Estas ameaças são direcionadas a setores estratégicos europeus, onde o energético, telecomunicações, transportes e infraestruturas críticas "são os que apresentam um maior risco do ponto de vista da cibersegurança", alerta a S21sec.
De acordo com o histórico, refere a empresa de serviços de cibersegurança, "desde 2014 há registos de ciberataques entre a Rússia e a Ucrânia, a começar, desde logo nesse mesmo ano, quando atacantes russos bloquearam os sistemas de telecomunicações na Crimeia".
Em 2015 e 2016, ciberatacantes alegadamente patrocinados pelas Rússia atacaram empresas energéticas ucranianas e, em 2017, o ataque 'ransomware' NotPeya "que foi realizado pelas forças russas contra a Ucrânia teve rapidamente impactos significativos em todo resto do mundo", aponta a S21sec.
Em 2018, "já várias agências de segurança internacionais alertavam para operações russas contra setores estratégicos e, no ano passado, vários grupos de cibercriminosos de origem russa realizaram campanhas contra organizações e entidades europeias".
Na análise que "a S21sec tem vindo a efetuar acerca do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, foram já confirmados diversos ataques com 'malware' do tipo Wiper", salienta.
Este tipo de 'malware' tem a capacidade de destruir os sistemas aos quais se dirige ou eliminar os dados existentes nos mesmos.
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