"Hipotecar o futuro comprando a visão chinesa para a tecnologia pode ser atrativo para alguns a curto prazo, particularmente para as nações que sofrem a pressão dos custos mais elevados de energia e alimentos resultantes da invasão russa da Ucrânia", disse Fleming, numa palestra hoje proferida no Royal United Services Institute (RUSI), um centro de reflexão e debate sobre questões de segurança e defesa com sede em Londres, sob o tema "Se a China é o problema, qual é a resposta?".
Porém, advertiu o representante, a longo prazo, numa futura crise, "Pequim poderá explorar a informação dissimuladamente extraída das economias dos clientes e dos Governos" e usar o "monopólio para exigir o cumprimento em fóruns internacionais".
"Para ter uma ideia desse futuro, basta ver como a China já procurou fazer exatamente isto, alavancando a influência sobre muitas nações mais pequenas em votos sobre tecnologia, ética e política externa", lembrou Fleming.
Países menos desenvolvidos estão a aceitar financiamento chinês para investir em tecnologia que poderão deixá-los sob vigilância ou transferir dados, ou resultar em acordos bilaterais de segurança, afirmou o líder da Government Communications Headquarters (GCHQ).
Como exemplo de como a China está a tentar usar a sua influência em termos tecnológicos, Jeremy Fleming falou de criptomoedas desenvolvidas pela China, das novas regras para a Internet propostas na União Internacional das Telecomunicações (UIT) ou do Sistema de satélite BeiDou, uma alternativa rival à rede GPS.
O diretor exortou as empresas e o setor académico a estarem "em estado de alerta para a ameaça" e a fazerem "escolhas em conformidade", protegendo sistemas informáticos e propriedade intelectual da China.
Fleming defendeu um reforço do investimento em tecnologias-chave de segurança nacional, nomeadamente em computação quântica.
"Isto não é um apelo à exclusão ou marginalização da China, é um apelo a uma China que reconheça que é vantajoso jogar de forma responsável dentro do sistema global", vincou, admitindo que estão em causa "questões e escolhas geopolíticas maciças".
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