Aseem Gupta, fundador da MI.BO, apresentou hoje, na Startup Santarém as duas vertentes de um projeto que tem vindo a desenvolver nos últimos anos e que visa permitir que as pessoas vivam mais tempo de forma saudável.
"Hoje em dia a nossa vida é mais longa, mas há um hiato entre o tempo de vida e o período em que vivemos com saúde. Atualmente, este hiato é de 9,2 anos. Assim, nos últimos anos da nossa vida, apesar de vivermos mais, sofremos bastante e a maior parte deste sofrimento é completamente desnecessário", disse à Lusa.
O projeto, o primeiro ao abrigo do programa Startup Visa (programa de acolhimento de empreendedores estrangeiros que pretendam desenvolver um projeto de empreendedorismo e/ou inovação em Portugal) a instalar-se na incubadora dinamizada pela Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant), foi um dos "20 produtos mais interessantes" criados por 'startups' selecionados para apresentação na Web Summit, que se realizou a semana passada em Lisboa.
Em entrevista à Lusa, Aseem Gupta afirmou que, após um episódio dramático na sua vida, foi a necessidade de "habilitar as pessoas a viverem mais tempo de forma saudável" que o motivou para a criação de uma aplicação que, através de uma foto, consegue detetar se a pessoa corre o risco de vir a sofrer uma das doenças atualmente responsáveis pela morte de 21 milhões de pessoas em todo o mundo, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou diabetes.
"A primeira coisa é o diagnóstico. Hoje temos de fazer exames, ir ao hospital para o médico poder dizer se se é diabético, ou se tem a tensão alta, etc", informação que a aplicação disponibiliza em minutos, disse.
Sabendo como está a saúde da pessoa, a MI.BO (que significa mente e corpo, numa abordagem da "pessoa como um todo") propõe-se disponibilizar um programa para melhorar a condição física e o bem-estar através de um sistema de eletroestimulação incorporado na roupa do dia-a-dia, que exercita o corpo durante as atividades diárias de acordo com a informação específica de cada pessoa.
Aseem Gupta afirmou que o investimento na Startup Santarém, instalada na antiga Escola Prática de Cavalaria, vem sendo trabalhado com a Nersant desde 2019, depois de ter visitado várias cidades do país, acabando por se render à forma como foi recebido, bem como à pacatez e proximidade da cidade a Lisboa.
A MO.BI assinou, em setembro, um protocolo com o Instituto Politécnico de Santarém, com cujas escolas de Saúde, Desporto e Tecnologia e Gestão quer continuar a desenvolver uma tecnologia que, segundo afirmou, foi já testada em 35.000 pessoas.
Atualmente em fase de aprovação, o projeto vai entrar em fase "piloto", estando a decorrer contactos com empresas e instituições que se queiram constituir como parceiras para lançar os produtos no mercado em 2023, disse.
Entre potenciais parceiros, apontou a saúde pública, os municípios, as seguradoras, os empregadores, salientando que "todos têm interesse em que as pessoas tenham melhor saúde".
"Se, por exemplo, o presidente da Câmara de Santarém quiser saber o estado de saúde da sua população, podemos dizer-lho em cinco dias, podemos dizer qual a percentagem da população em risco de sofrer ataque cardíaco nos próximos cinco a 10 anos, qual a percentagem em risco de diabetes. Também a saúde pública pode ter acesso a esta informação e usá-la", afirmou.
Uma das modalidades que a empresa quer comercializar é, através da aplicação descarregada nos telemóveis, disponibilizar um 'check-up' à saúde por mês, mediante uma subscrição anual de 12 euros, que pode ser adquirida individualmente ou por empresas e entidades que as cedem gratuitamente aos trabalhadores, aos clientes ou a grupos populacionais, acrescentou.
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