IA ajuda a decifrar pergaminhos carbonizados por erupção do Vesúvio

Três investigadores ganharam hoje um prémio de 700.000 dólares (cerca de 650.000 euros) por decifrarem, usando inteligência artificial (IA), pergaminhos manuscritos com quase 2.000 anos de idade e severamente danificados pela erupção do Monte Vesúvio.

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Lusa
06/02/2024 07:28 ‧ 06/02/2024 por Lusa

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Inteligência Artificial

Segundo os organizadores da competição "Desafio Vesúvio", citados pela France-Presse (AFP), os papiros de Herculano consistem em cerca de 800 pergaminhos, carbonizados durante a erupção que soterrou Pompeia e Herculano, em Itália, em 79 depois de Cristo (d.C.).

Assemelhando-se a troncos carbonizados e preservados no Institut de France, em Paris, e na Biblioteca Nacional de Nápoles, Itália, os pergaminhos desintegram-se e são facilmente danificados ao tentar desenrolá-los.

O "Desafio Vesúvio" foi criado por Brent Seales, investigador em ciência da computação da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, e Nat Friedman, fundador da plataforma Github, hoje propriedade da Microsoft.

Os organizadores já tinham feito digitalizações de quatro pergaminhos e ofereceram uma recompensa total de um milhão de dólares a quem conseguisse decifrar pelo menos 85% de quatro passagens, com 140 carateres.

O trio premiado é formado por Youssef Nader, estudante de doutoramento em Berlim, Luke Farritor, estudante e estagiário da SpaceX, no Nebraska, Estados Unidos, e Julian Schilliger, estudante suíço de robótica.

Em concreto, aqueles investigadores usaram inteligência artificial para distinguir tinta de papiro e determinaram a natureza dos carateres gregos através da deteção de repetições.

Usando aquela técnica, Luke Farritor decifrou a primeira palavra de uma passagem, a palavra grega para "púrpura".

Em colaboração, o trio já decifrou cerca de 5% de um pergaminho, segundo os organizadores.

De acordo com Nat Friedman, o autor do pergaminho é "provavelmente o filósofo epicurista Filodemo", que, naquele caso, escreveu "sobre comida, música e como aproveitar os prazeres da vida".

Alguns historiadores acreditam que estes documentos pertenceram a Lúcio Calpúrnio Piso Caesonino, pai de Calpúrnia, uma das esposas de Júlio César.

A "villa do papiro", onde os pergaminhos foram encontrados no século XVIII, ainda está quase toda enterrada e pode conter vários milhares de outros manuscritos.

"Alguns destes textos poderiam reescrever completamente a história de períodos-chave do mundo antigo", disse Robert Fowler, estudioso de estudos clássicos e presidente da Sociedade Herculaneum, em declarações à revista Bloomberg Businessweek.

A decifração destes textos poderia, de facto, representar um grande avanço: de acordo com um inventário da Universidade da Califórnia, em Irvine, apenas 3% a 5% dos textos gregos antigos teriam sobrevivido até à era moderna.

Leia Também: Hong Kong. Multinacional burlada em 26 milhões com ajuda de IA

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