"As pessoas aprenderam que o 'like' era uma coisa que fazia parte das redes e o que se pode dizer pela experiência passada é que 'likes' nunca foram votos, mas também sabemos que não ter 'likes' é sinal de que provavelmente não se tem votos, ou se tem menos visibilidade, pelo menos", afirma o investigador e professor de Ciências de Comunicação do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresas (ISCTE) Gustavo Cardoso, em entrevista à Lusa.
Gustavo Cardoso coordena um projeto, efetuado pelo MediaLab do ISCTE, em parceria com a Lusa, para aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes sociais e meio 'on-line' no período pré-eleitoral.
O diretor do OberCom - Observatório dos Meios de Comunicação Social salienta, porém, que, na eventual correlação entre 'likes' nas redes sociais e eventuais votos, é importante por em contraponto o que chama "uma minoria ruidosa e uma maioria silenciosa".
"As pessoas que fazem comentários e partilhas nas redes são uma minoria ruidosa, portanto, são pessoas que estão muito envolvidas e que querem comentar, partilhar, etc, mas depois há uma maioria que é silenciosa e que não faz nada e essa não aparece nas interações", afirma.
E acrescenta: "Pode acontecer, portanto, que essa maioria seja muito maior, digamos assim, do que a tal minoria ruidosa", e cujo peso eleitoral é impossível de captar.
Além do mais, segundo os investigadores, a generalidade das pessoas que estão presentes nas redes "vê" muito mais do que comenta ou publica, o que, extrapolando, significa que a maioria das maioria das pessoas também comenta muito pouco. De facto, a maioria das pessoas não está nas redes, destacam.
José Moreno, outro dos investigadores envolvidos no projeto, especifica que as interações, do ponto de vista do relatório, são "os pontos em que as pessoas contactem com o conteúdo de alguma forma, ou seja, fazem um 'like' porque fazem um comentário ou uma partilha".
"Quando as pessoas interagem com o conteúdo, isso significa que lhe prestaram atenção, e é por isso que a interação é importante", afirma José Moreno.
O comportamento das pessoas também varia em função das redes. Segundo os investigadores, o Facebook é um "sítio" que as pessoas frequentam, mas não interagem muito, ao passo que no Instagram as pessoas frequentam e interagem, razão pela qual se torna mais atrativo do ponto de vista político. O X (ex-Twitter) é a rede é uma "muito mais política" e "onde estão os políticos, os comentadores e os jornalistas".
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