"Dentro de alguns dias, a Comissão irá desbloquear à Autoridade Palestiniana os fundos que foram bloqueados desde outubro e o pagamento será feito antes do Natal", disse Borrell, numa conversa com um grupo de órgãos de comunicação social, citada pelas agências internacionais.
Na sequência dos ataques do Hamas em 07 de outubro, a Comissão Europeia decidiu realizar uma auditoria ao financiamento aos palestinianos - além da ajuda humanitária, que não foi afetada pela suspensão - para determinar se foram desviadas verbas para apoiar o terrorismo, o extremismo ou o antissemitismo.
A Comissão Europeia passou em revista a ajuda no valor de 691 milhões de euros entre 2021 e 2023 prevista para a Autoridade Palestiniana, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), bem como para organizações não-governamentais (ONG) e projetos de assistência à população.
A conclusão do estudo foi de que os fundos não contribuem para alimentar o terrorismo ou o extremismo.
Em Bruxelas há uma preocupação crescente com a situação na Faixa de Gaza mas também em relação à Cisjordânia ocupada, e a União Europeia (UE) já está a trabalhar em possíveis sanções contra colonos israelitas responsáveis por atos de violência contra os palestinianos naquele território.
Borrell alertou que dezenas de milhares de palestinianos perderam os seus empregos e não têm rendimentos, enquanto 300 mil famílias perderam empregos que dependiam da economia israelita.
"A crise económica na Cisjordânia é um dos motivos de preocupação, não só pela explosão da violência, mas também pela destruição de habitações", comentou o chefe da diplomacia europeia.
Na cimeira dos líderes europeus que terminou hoje em Bruxelas, foi realizado um "debate estratégico" sobre a situação na Faixa de Gaza, mas não foram adotadas quaisquer conclusões, que necessitam do consenso de todos os países.
Os 27 do bloco europeu mantêm uma divisão de opiniões, nomeadamente sobre a necessidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, como ficou comprovado na última votação na Assembleia-Geral da ONU, em que 17 Estados-membros votaram a favor desta medida, dois contra e os restantes abstiveram-se.
A resolução, que não é vinculativa, foi aprovada por esmagadora maioria da Assembleia-Geral da ONU.
De qualquer forma, Borrell deixou claro que "a preocupação com o elevado número de vítimas civis" é comum.
O Governo israelita declarou guerra ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- em retaliação ao ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado hebraico, em 1948, perpetrado em território israelita por combatentes daquele grupo a 07 de outubro, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, segundo as autoridades de Telavive.
O número de mortos na Faixa de Gaza aproxima-se agora dos 19 mil -- 70% dos quais mulheres, crianças e adolescentes --, vítimas dos intensos bombardeamentos israelitas que têm visado o enclave palestiniano, segundo o Ministério da Saúde local, tutelado pelo Hamas.
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