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"Os homens não sabem lidar com uma mulher com menopausa, largam o barco"

A atriz brasileira Cláudia Raia está a dias de estrear uma peça muito íntima e que reflete a fase da vida que está a viver: a menopausa. O objetivo é ajudar, "ser colo", acarinhar e ouvir as mulheres que atravessam, de forma solitária, "o segundo ato da vida". É a convidada desta quinta-feira do Vozes ao Minuto.

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© Instagram/Cláudia Raia

Elisa Peralta
23/01/2025 08:43 ‧ há 5 horas por Elisa Peralta

Fama

Cláudia Raia

Cláudia Raia nasceu para o mundo artístico. Aos 10 anos fez o seu primeiro trabalho como modelo e a dança, outra das suas grandes paixões, surgiu na sua vida deste criança. A representação chegou mais tarde, já Cláudia era adolescente. Aos 16 anos entrou no musical 'A Chorus Line' e nunca mais parou. 

 

'Roque Santeiro', 'Sassaricando', 'Torre de Babel', 'A Rainha da Sucata', 'O Beijo do Vampiro', são só algumas das dezenas de novelas que fez na Globo, onde ficou 40 anos.

É das atrizes mais versáteis do Brasil e é também  muito acarinhada pelo público. A sua vida pessoal sempre suscitou muito interesse. Em 1986 casou com Alexandre Frota, união que durou três anos.

Em 1993 deu o nó com o, também ator, Edson Celulari, com quem teve dois filhos (Enzo e Sophia), e com quem ficou 17 anos. Raia casou, pela terceira vez, com Jarbas Homem de Mello e os dois são pais do pequeno Luca, de quase dois anos. 

Cláudia é uma mulher de causas, que levanta "bandeiras" pelas mulheres. O idadismo, o machismo estrutural, a sexualidade, a menopausa são apenas alguns temas que a atriz faz questão de abordar e defender publicamente. "O segundo ato" da vida da mulher, como Cláudia apelida a menopausa, chegou à sua vida há sete anos. Durante esse tempo, a vida surpreendeu-a... com a vida. Aos 55 anos descobriu que estava grávida pela terceira vez, num desafio a todas as probabilidades.

A atriz está em Portugal para fazer o que melhor sabe: representar. A peça 'Menopausa' estreia a 29 de janeiro no teatro Tivoli BBVA e vai andar pelo país até ao início de abril. No palco, Cláudia veste o papel de atriz e dela própria também, já que vai contar testemunhos reais, vividos pela própria sobre o que afinal se passa dentro da cabeça - e corpo - de uma mulher na fase mais impactante da sua vida.

O Fama ao Minuto teve oportunidade de falar, em exclusivo, com a atriz, que nos contou detalhes sobre o seu projeto e nos deixou entrar na intimidade da sua vida. O mais importante para Cláudia é "usar a arte para fazer um serviço".

Os homens não sabem o que fazer com essa mulher [na menopausa]. Simplesmente largam o barco, trocam por duas de 25 e dizem que a mulher de 50 está loucaPorquê uma peça de teatro sobre a menopausa?

Porque eu acho muito importante falar sobre isso. Ninguém fala sobre isso. Ainda é um tabu no mundo inteiro. Na América é mais falado e mais discutido. No Brasil um pouco mais do que aqui, mas ainda muito tabu. Aqui quase não é falado. É importante falar sobre isso porque todas as mulheres, todas, sem exceção, vão passar por isso. É inevitável! Trinta por cento das mulheres não têm sintomas, porém têm os malefícios que a menopausa gera. Os homens não sabem o que fazer com essa mulher. Simplesmente, largam o barco, trocam por duas de 25 e dizem que a mulher de 50 está louca. É um clássico.

Vou contra os tabus, sou super criticada sempre, até por mulheres da minha idadeOs jovens não pensam que isso vai acontecer com eles e também não têm ideia do que está acontecendo com a mãe deles, com a professora deles, com a pessoa com quem eles trabalham. Então, é preciso falar sobre isso. Nós não temos informação. A menopausa é a questão onde há menos investimento e menos investigação na medicina. Os homens e o patriarcado devem anos e anos de pesquisa para a gente. Para a saúde cerebral da mulher. Isso é inaceitável! Então, numa mesa de um restaurante, eu, Jarbas [o marido] e os nossos sócios portugueses tivemos essa ideia. Eu já falo de menopausa há algum tempo, já vou contra os tabus, sou super criticada sempre, até por mulheres da minha idade. 

Eu falo há oito anos, sem parar, de longevidade dessa mulher com mais de 50 anos, da mulher 'menopausada', e queria usar a arte a favor disso, usar a arte para fazer um serviço, usar a arte para fazer o meu ato político, de levantar a bandeira contra o etarismo [idadismo]. Acho muito importante, realmente acho. E aí começou, de dois anos para cá, o desenvolvimento desse guião.

Eu quero falar sobre a minha vulnerabilidade, eu quero dizer que eu sou uma mulher igual a todas vocês e que é difícil para todo o mundoComo é que foi o processo da construção desse guião? 

Foi muito desafiador. Você tem de estar muito fundamentado, tem de ter um conhecimento muito profundo de tudo o que de novo surgiu, de todas as pesquisas. A Ana Toledo, que é autora da peça, também é 'menopausada'. Isso é uma bandeira muito nossa. Foram muitos áudios com coisas que eu passei, com coisas que ela passou, com coisas que chegam até mim porque, como eu falo muito sobre esse assunto, as pessoas falam muito comigo sobre isso e contam o que aconteceu com elas. 

O processo foi muito difícil para mim também porque revivi algumas coisas, me olhei no espelho e me vi refletida ali, tinha um pouco da Cláudia em cada personagem. Aquilo deu uma confusão nos meus hormônios, tive que refazer [a terapia] hormonal. Os meus sintomas voltaram, é uma coisa psicológica. Eu quero falar sobre a minha vulnerabilidade, eu quero dizer que eu sou uma mulher igual a todas vocês e que é difícil para todo o mundo, para mim também. Quero mostrar que é possível ver o lado cheio do copo dentro de uma realidade que não é tão gostosa e deliciosa. Dá para escrevermos o nosso segundo ato de maneira melhor, mais leve, mais alegre. Essa é a sugestão desta peça. No final existe uma conversa entre a plateia e eu. O Jarbas desce, eu converso com as pessoas, troco informações, as pessoas são acolhidas, coisa que elas não são em lugar nenhum. 

Quero que as mulheres não se sintam invisíveis

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                                                                               © Instagram - Cláudia Raia  

É importante e deixa-a orgulhosa saber que as pessoas olham para si como uma amiga? Porque a vergonha de falar destes assuntos é imensa.

Eu quero que as mulheres se sintam em casa, em casa com o colinho para elas se deitarem. Quero que as mulheres não se sintam invisíveis. 

Não é gostoso ser criticada. Mas eu já sou uma pessoa polémica, sempre fui [...] Sei que ajudo muita gente, então isso é maior do que as críticasA Cláudia falou das críticas que recebeu, é uma coisa que mexe consigo ou aprendeu a lidar?

Não é gostoso ser criticada. Mas eu já sou uma pessoa polémica, sempre fui, então já estou acostumada com isso. Mas eu também sei que ajudo muita gente, então isso é maior do que as críticas, com certeza.

E como é que é trabalhar com o seu marido, já que ele também participa na peça?

Ele dirige a peça, ou seja, ele manda em mim [risos]. Mentira, que eu sou produtora, eu é que mando nele. Ele dirige e está como ator na peça, brilhantemente, como sempre. Ele é bem bom, faz mulheres, faz homens, faz bichas, é divertidíssimo! É uma delícia trabalhar com ele. Ele é um grande profissional, ele é um 'companheiraço' de vida. É muito gostoso, a gente se dá muito bem porque a gente é muito parecido trabalhando. Isso facilita muito e a gente é muito bem humorado juntos. Então dá muito certo. 

E não levam nenhum problema para casa depois de passarem tantas horas juntas no trabalho?

Não, é realmente muito gostoso, muito prazeroso.

Há médicos que não têm ideia do que estão falando. Porque eles não passam por issoÉ importante também falar para as mulheres mais jovens? Se as mulheres mais velhas só conhecem a realidade da menopausa quando chegam lá, as mais novas não têm tanto conhecimento. É preciso também educar para o futuro?

Exato! E se preparar para ele. Eu me lembro que me preparei. Desde jovem pensava que um dia ia amadurecer, pensava que precisava de me preparar para isso. E eu me preparei para isso.

E como é a Cláudia se preparou?

Me informando, indagando, perguntando. Lendo, indo atrás, entendendo o meu corpo, fazendo exames periódicos, antecipando os sintomas, percebendo as mudanças e não negligenciando os sintomas ou alguma coisa de diferente. Eu fiquei atenta, fiquei querendo saber tudo. Mesmo assim, é avassalador. Então, é muito importante que os jovens se informem. E os homens jovens se informem também. Eu tive um 'feedback' muito interessante de homens jovens. 

A Claudia tem vários vídeos nas redes sociais onde fala dos efeitos da menopausa, mais focados nos positivos. Mas há muito mais negativos do que positivos?

É, mas é possível transformar isso. E acontece que a gente não tem informação. A gente acha que acabou, e que é aquilo e acabou. E tem médico que fala assim: ‘Ah, é isso mesmo, ok, querida? Essa é a fase, a mulher tem de passar por isso’. Como assim? Eles não têm ideia do que estão falando, no fundo, porque eles não passam por isso.

O que é que a Cláudia aprendeu nesta altura da sua vida? Como é que olha para si comparativamente à Cláudia com 20, com 30, com 40 anos? Quais são as maiores diferenças?

Com 12 anos eu dei um vibrador para ela [a filha] e disse: ‘Filha isso aqui vai ser a sua investigação, você vai descobrir o que gosta

Se você me perguntar se eu gostaria de voltar aos 25 anos, a resposta é não. Mas um não bem grande... Eu prefiro muito mais esse momento em que eu estou. Mesmo de verdade, mesmo com a menopausa, mesmo com os ‘calorões’, mesmo com tudo, não faz o menor sentido trocar uma coisa pela outra, porque o caminho que eu fiz é muito interessante para chegar aqui muito mais potente do que eu era. Sou muito mais criativa, muito mais feliz, muito mais sabendo o que eu quero, sabendo o que eu não quero. 

Quando o meu filho começou a se masturbar [...] arranjámos um código para ele não trancar a portaCom uma filha tão jovem [Sophia], com 22 anos, o que é que lhe ensina sobre a vida, como mulher?

Com 12 anos eu dei um vibrador para ela e disse: 'Filha isso aqui vai ser a sua investigação, você vai descobrir o que gosta porque a gente não pode começar a se relacionar sexualmente se a gente não se conhecer. E a gente não sabe o que pedir, porque a gente não sabe o que a gente gosta'. Então, acho que foi uma das melhores coisas que eu fiz.  A minha conversa com eles, tanto com ele [filho Enzo, de 27 anos] quanto com ela, é aberta. E meu marido fala: 'Gente, eu nunca vi um menino que conta tudo para mãe'. A gente tem uma relação muito aberta. E desde pequeno… Na hora em que ele começou mesmo a se masturbar e a fazer as atividades sexuais dele, a gente conversou, eu disse: 'Olha, filho, não pode trancar a porta, eu não sei o que você tá fazendo aí dentro. Quer dizer, eu sei o que você tá fazendo aí dentro, mas eu não sei se você morreu, se você não morreu. Vamos criar um código'. Ele comprou uma plaquinha chamada 'Sex in Progress' ['Sexo a decorrer'] e ele acendia toda vez que estava ocupado. Era um código. Então a gente sempre falou sobre isso. Eu sempre falei de masturbação com eles.

Tudo é muito aberto, tudo é muito falado, tudo é mais fácil assim. A vida fica tão mais fácil, tão mais leve. E eu digo para eles me contarem as coisas porque se não eu não tenho como os ajudar. 

Olho para os meus filhos e penso: 'Poxa, mais acertei do que errei.’ Fiz um bom trabalho Então, o seu papel de mãe é também como o de uma grande amiga?

Uma grande amiga mãe. Vamos manter a hierarquia, não é amiguinha de sair de mãozinha dada, mas é uma mãe amiga, é uma mãe que tá ali para dar a mão, não para botar o dedo na cara. Me conte a pior coisa que eu vou te ajudar, agora, se não me contar, eu não sei. 

E esta sua liberdade para com os seus filhos gerou também algumas críticas no Brasil?

Eu gosto de ser assim com os meus filhos, eu acho importante, e eu olho para eles hoje, um com 27, outro com 22, e digo: 'Poxa, mais acertei do que errei.' Fiz um bom trabalho. 

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                                 © Instagram - Cláudia Raia. Enzo Celulari, Cláudia Raia e Sophia Raia   

Eu pretendo viver até os 110. Eu quero ver o Luca [filho, de quase dois anos] crescer

A Cláudia tem hoje 58 anos. Como é que olha para o futuro, como é que olha para si com 60 anos? 

Maravilhosa! Estou construindo os meus 60. Como eu construí até agora para chegar nos 50. E eu acho que essa peça é o início desse caminho para os 60. Eu penso bastante nisso, mas penso com gratidão, penso com alegria porque tem muita coisa que eu quero fazer. Imagina, a  minha mãe morreu aos 95 anos. Se eu tiver a mesma sorte que ela, eu pretendo viver até os 110. Eu quero ver o Luca [filho, de quase dois anos] crescer, eu quero ver as escolhas que ele vai fazer. Pessoas de gerações muito para trás viveram até aos 100 anos, 101 anos. Eu acho que não é difícil, não é? É fazer um caminho para chegar ali. Foi como eu tracei o meu caminho de jovem para chegar até aqui, eu estou traçando esse caminho para chegar lá.

 A maturidade faz com que você olhe o sexo de maneira muito diferente e muito boa, muito melhor do que eraA sexualidade é diferente vivida aos 58 anos do que quando era mais jovem? 

A libido muda de lugar. Não é que a libido muda, ela muda é de lugar. Porquê? Por questões hormonais. Mas quando você equilibra isso, tudo volta a ficar muito bom e com muito mais qualidade. Porque a sua maturidade faz com que você olhe o sexo de maneira muito diferente e muito boa, muito melhor do que era. 

Eu perguntava para a médica: ‘Eu estou grávida na menopausa, então depois eu vou voltar a ter menopausa?’ Elas não tinham a menor ideia E olhando para a sua vida, qual é que foi o período mais complicado, mais desafiante enquanto mulher? 

É esta fase da menopausa. A adolescência também, a gravidez do Luca, os três últimos meses que foram bem desafiadores, mas aí estava tudo junto. Era uma gravidez no meio de uma menopausa. E ninguém sabia me dizer o que era. Eu perguntava para a médica: ‘Eu estou grávida na menopausa, então depois eu vou voltar a ter menopausa?’ Elas não tinham a menor ideia. Porque não tem protocolo para isso. Vamos vendo. Então foi desafiador. 

Foi uma emoção [descobrir gravidez aos 55 anos]. Pensei duas coisas: primeiro, que sou uma agraciada, segundo, que tenho uma missão muito importante com essa gravidez 
Como é que foi descobrir que estava grávida aos 55 anos?

Eu ia fazer uma inseminação que não deu certo. E aí, por causa dos hormônios, o meu organismo deu um ‘boost’. E eu engravidei sem saber que eu estava grávida, o que, por um lado, foi muito bacana, porque toda aquela paranoia que a gente fica nos três primeiros meses... nem vivi. Eu estava na Itália com os meus filhos, mergulhando, subindo ladeira com bolsa pesada. Fiquei sabendo quase com três meses. Foi uma emoção que eu não sei descrever, porque eu pensei duas coisas; primeiro, que sou uma agraciada, segundo, que tenho uma missão muito importante com essa gravidez. A missão de dar esperança às pessoas porque na verdade tudo que eu falei sobre o etarismo, sobre a menopausa, sobre a longevidade - a gravidez era a materialização disso que eu tinha falado.

A mulher de 50, que estava sentada no sofá achando que a vida tinha acabado, eu fui lá, cutuquei ela, falei: 'Levanta daí, querida'A Cláudia sente que desafiou as probabilidades?

É. E aconteceu. Quantas e quantas mulheres me escrevem dizendo que estavam fazendo tratamento escondido da família, que queriam engravidar mas não conseguiam e que agora eu tinha dado para elas uma nova esperança e que elas iam tentar, e quantas mulheres conseguiram engravidar? Incrível, uma nova porta se abriu. E como eu sou uma pessoa muito popular no Brasil, respingou em todo o mundo. E a mulher de 50, que estava sentada no sofá achando que a vida tinha acabado, eu fui lá, cutuquei ela, falei: ‘Levanta daí, querida, 'bora que a vida continua.’ Essas mulheres ficaram um pouco chateadas comigo. 'Ai, a Cláudia Raia agora grávida? Que saco, gente. Agora eu vou ter que fazer alguma coisa. Eu estava aqui parada, quieta, os meus filhos crescidos, meu marido provavelmente com uma amante, e eu estava aqui quieta e infeliz.' Então foi esse o movimento.

Nos últimos meses de gravidez as críticas afetaram-me.  Estava bem mais frágil
Como é que a notícia foi recebida no Brasil? Houve algumas críticas?  

Muitas críticas, mas muito amor também. 'Ai que absurdo. Tem idade para ser avó e vai ser mãe'.

Como é que essas críticas foram recebidas por si?

As críticas afetaram. Nessa época, sim, porque eu estava nos três últimos meses de gravidez, então estava bem mais frágil. Tive insónia, mas uma insónia muito séria, em que eu não dormia, hora nenhuma. Aí eu tinha pânico da noite, foram três meses bem difíceis, mas deu tudo certo.

É diferente estar grávida aos 50 e aos 30?

Não, não senti, a não ser a preocupação das pessoas porque, para mim, nada. Era igual, eu malhei, eu fiz aula de balé, eu fiz tudo. No dia em que eu pari o Luca, estava vestida para ir para a academia, a minha médica disse para não ir. Eu falei: 'Vou sim, faltou o meu treino de pernas'. Eu ia com aquele barrigão. Tranquila. Eu passei muito bem. 

Ninguém chamará para você fazer uma protagonista aos 60 anos. É difícil ter um grande papel, porque a indústria é etarista

Notícias ao Minuto                                   © Instagram - Cláudia Raia. Cláudia Raia, Luca e Jarbas Homem de Mello  

Numa entrevista, a Cláudia dizia que era difícil ser protagonista com 60 anos e que se quer dedicar à produção de espetáculos.

Sim! Ser produtora de teatro me dá uma autonomia, eu mesmo escolho os meus papéis e eu quero produzir mais. Mas não só teatro, eu quero produzir audiovisual, quero produzir séries, quero produzir filmes. Eu adoro ter essa autonomia, eu adoro poder escolher os meus próprios projetos, os meus próprios papéis. Fatalmente, ninguém chamará para você fazer uma protagonista aos 60 anos. É difícil ter um grande papel, porque a indústria é etarista. Então, crio eu os meus papéis. 

Vai à luta?

Vou à luta! Para variar. Porque eu trabalho muito para ser eu. 

Como atriz, como é que olha para esta geração de mulheres mais jovens na sua profissão? Acha que as mulheres estão a ter mais voz?

Sem dúvida nenhuma. Graças a Deus! A geração da minha filha é potente, feminista, indagadora. Maravilhoso. É isso que tem que ser. Na minha geração não sentia esse poder.

 [O Globo de Ouro de Fernanda Torres ] muda bastante a ideia dos produtores, autores, diretores, de convocarem e escalarem mulheres com mais de 50 anos para papeis de protagonistaA Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro [para melhor atriz em filme dramático] e a Cláudia fez uma publicação onde mostrou o seu orgulho e a importância de uma mulher com mais de 50 anos ganhar esse prémio. Foi importante para abafar o etarismo da indústria?

Todas as mulheres que ganharam o Globo de Ouro tinham mais de 50 anos. Fiquei muito feliz. Realmente muito feliz. Isso é muito significativo. Isso muda muito a visão da indústria. E a Fernandinha é o nosso grande orgulho, é minha amiga pessoal que eu amo muito. E ela traz esse 'Golden Globe' para a cultura do país, não é só para o cinema. É para o país. Embora o Brasil tenha ficado quatro anos desmaiado, com o governo anterior, temos essa grande vencedora, essa grande atriz, essa mulher de teatro, essa mulher de cinema espetacular que é a Fernandinha. Então ela traz esse prémio para a nossa cultura e a gente ficou muito feliz com isso. E isso muda bastante a ideia dos produtores, autores, diretores, de convocarem e escalarem mulheres com mais de 50 anos para papeis de protagonista. 

Como é que a Cláudia consegue gerir uma vida tão preenchida? Com um filho pequeno, uma carreira tão cheia? 

Consigo, porque eu sou muito organizada e porque sou produtora. Se não, eu não conseguiria equilibrar tantos pratinhos ao mesmo tempo. Isso é um talento pessoal. A pessoa ou tem, ou não tem. Consigo dar atenção a todos, não a atenção que eu gostaria de dar. Hoje, por exemplo, ao sair de casa eu estava quase chorando de largar o Luca, que eu vi 20 minutos antes de vir para cá. Mas é isso, não é? A gente vai equilibrando do jeito que dá. Quando eu olho os meus filhos eu vejo que tudo deu certo. É manter o foco.  

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